No início de dezembro, um estudo espanhol analisou centenas de placas de ardósia com gravuras, as quais são desenterradas no sudoeste da Península Ibérica desde o Século XIX.
Durante muito tempo, os arqueólogos consideravam essas placas como oriundas da Era do Cobre. Esses achados representam corujas mais ou menos estilizadas, que poderiam servir como amuletos ou representações de divindades.
Mas, um trabalho publicado na Scientific Reports sugeriu outra coisa: eram brinquedos.
O estilo das gravuras sugere o trabalho de crianças [...] essas placas foram produzidas com materiais locais, não sendo fruto de comércio e, tampouco, encontradas em lugares de adoração.
As corujas ibéricas são apenas o exemplo mais recente de uma cerâmica "ritual", que foi reclassificada como um utensílio de cozinha, bem como objetos "misteriosos" que acabaram por serem brinquedos, ou ainda, instrumentos “cerimoniais” que eram na verdade ... pincéis.
Contudo, qual é a razão dessas mudanças de atribuição? O progresso da ciência que permite analisar melhor os objetos? Sim, mas, principalmente, a progressiva participação das mulheres na arqueologia.
O Guerreiro Viking de Birka
Isabelle Algrain, arqueóloga da Universidade Livre de Bruxelas, afirmou que projetamos as nossas representações atuais às sociedades remotas, por exemplo:
No Século XIX, os arqueólogos que descobrissem uma tumba diriam que se fosse de um homem, haveria armas no túmulo e se fosse de uma mulher, joias.
O exemplo mais famoso é o da tumba de Birka, Suécia. Descoberta em 1878, o túmulo incluía várias armas e escudos, bem como os ossos de um grande guerreiro viking, certamente. Só que uma análise de DNA realizada em 2017 demonstrou que o guerreiro era... uma guerreira. Segundo a arqueóloga:
Desde a década de 1980, nos Estados Unidos, uma nova forma de arqueologia — a arqueologia de gênero — questiona as interpretações até então muito masculinas, não só as de objetos, como as de relações sociais e do papel da mulher nas sociedades do passado.
Essa mudança de perspectiva não é prerrogativa apenas de mulheres arqueólogas e não significa necessariamente que as mulheres do passado foram mais bem consideradas do que imaginávamos, entretanto, a abordagem científica exige que as interpretações sejam revistas e questionadas.
FONTE: La Croix
DUFOUR, Audrey. Archéologie: la féminisation des recherches fait changer les regards. La Croix. Paris, 06 de dez. de 2022. Disponível: <https://www.la-croix.com/Sciences-et-ethique/Archeologie-feminisation-recherches-fait-changer-regards-2022-12-06-1201245242>. Acesso em: 06 de dez. de 2022. (Livremente traduzido e adaptado pela Livros Vikings)
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