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A resposta para o assentamento viking groenlandês que misteriosamente desapareceu

Atualizado: 19 de abr. de 2023

Cientistas apontam em novo estudo que a seca é a provável causa do abandono das comunidades nórdicas da Groenlândia.


A resposta para o assentamento viking groenlandês que misteriosamente desapareceu
Ruínas da igreja de Hvalsey. Um assentamento nórdico (viking) da Groenlândia, na costa do Hvalseyfjord. América. Imagem: Daily Scandinavian

Cerca de 1.000 anos atrás, os vikings se estabeleceram no extremo sul da Groenlândia, onde prosperaram durante séculos, apesar dos invernos sem sol e das condições severas. Mas, esses povos nórdicos da Groenlândia acabaram desaparecendo no Século XV, deixando ossos, ruínas e um mistério tentador não resolvido sobre os eventos que levaram ao colapso de sua remota sociedade.


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Os cientistas muitas vezes apontaram à Pequena Idade do Gelo, um período de resfriamento que coincide com o desaparecimento dos nórdicos da Groenlândia, como uma provável explicação para o abandono do chamado Assentamento Oriental que apoiou cerca de 2.000 vikings em seu auge.


Agora, cientistas liderados por Boyang Zhao, pesquisador associado de pós-doutorado da Brown University, apresentam novas evidências que desafiam esse quadro, sugerindo que as “secas desempenharam o papel de minar a viabilidade do Assentamento Oriental, ao invés das pequenas mudanças de temperatura”, segundo um estudo publicado na última quarta-feira, 23 de março, na Science Advances.


Estudos anteriores sobre esses locais nórdicos se basearam principalmente em registros de temperatura e clima obtidos de locais a mais de 600 milhas (965 km) ao norte do Assentamento Oriental e em altitudes muito mais altas. Zhao e seus colegas, em contraste, coletaram dados de temperatura e hidroclima de um lago ao lado de uma antiga fazenda nórdica, fornecendo um vislumbre sem precedentes da história climática do assentamento.


“A primeira razão pela qual queríamos fazê-lo [estudo] é porque é uma questão não resolvida”, disse Zhao, que conduziu a pesquisa enquanto cursava seu doutorado em geociências na Universidade de Massachusetts, em uma ligação. “Do ponto de vista das mudanças climáticas, não há realmente muitas reconstruções desta área, então queríamos revisitar este local” para “fornecer registros mais detalhados e atualizados da história climática desta região e ver se há alguma conexão entre as mudanças climáticas e o fim dos vikings.”


Para aprofundar a história climática única do Assentamento Oriental, a equipe passou três anos coletando sedimentos do Lago 578, localizado próximo aos restos de uma fazenda nórdica e a cerca de 10 quilômetros do assentamento de Qassiarsuk (Brattahlíð), uma área que hospedou algumas das maiores comunidades nórdicas da região e já foi o lar do famoso explorador viking Erik, o Vermelho.


“Acreditamos que havia uma família grande, ou talvez duas ou três famílias, morando aqui”, disse Zhao. “Eles provavelmente usaram a água deste lago para beber e para fins agrícolas.”

Os pesquisadores encontraram informações sobre temperaturas e hidratação no local que abrangem 2.000 anos, enterradas nos restos de plantas preservadas no fundo deste lago, que já abrigou os vikings. Os resultados sugerem que o Assentamento Oriental não experimentou os mesmos níveis de resfriamento climático durante a Pequena Idade do Gelo que outras áreas amostradas mais ao norte.



No entanto, Zhao e seus colegas encontraram evidências de secas no final do assentamento nórdico da área, o que ajuda a explicar evidências arqueológicas previamente estabelecidas de que as comunidades começaram a mudar de alimentos de origem agrícola para dietas que dependiam de animais marinhos.


“Nós realmente não vemos um sinal da Pequena Idade do Gelo na área”, explicou Zhao.

“No entanto, vimos a tendência de secagem, e essa tendência de secagem também estava pressionando os agricultores locais, realmente prejudicando a sua agricultura – basicamente o cultivo de capim –, mudando definitivamente as suas vidas.”


“Eles não conseguiam capim suficiente, porque estava cada vez mais seco”, acrescentou. “Então eles tiveram que buscar por comida na caça marinha.”

Zhao enfatizou que as novas descobertas não descartam a ideia de que outros fatores possam ter contribuído para o abandono do assentamento. De fato, os nórdicos da Groenlândia podem ter enfrentado uma série de desafios “incluindo mudanças climáticas, falhas de gestão, colapso econômico ou estratificação social”, segundo o estudo. No entanto, as evidências de campo sugerem que a seca desempenhou um papel descomunal no eventual desaparecimento das colônias.


Além de esclarecer um mistério que remonta a séculos, o novo estudo tem relevância moderna, já que comunidades no extremo sul da Groenlândia estão mais uma vez enfrentando as secas. Zhao disse que a complexa dinâmica atmosférica e oceânica desta região torna difícil isolar claramente as mudanças climáticas causadas pelo homem como um motor dessas secas recentes, que ocorreram com mais frequência na última década. Entretanto, fornece uma ligação interessante entre as dificuldades das comunidades passadas e presentes na Groenlândia, que era habitada por povos indígenas milhares de anos antes da chegada dos vikings.


FONTE: Vice

FERREIRA, Becky. A Viking Settlement Mysteriously Vanished. Now, We Have an Answer. Vice. Nova Iorque, 23 de mar. de 2022. Disponível em: <https://www.vice.com/en/article/qjb44b/citing-climate-new-york-nixes-two-natural-gas-power-plant-plans>. Acesso em: 24 de mar. de 2022.


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