A arquitetura viking revela uma sociedade complexa e adaptada ao ambiente, com construções resistentes e funcionais
A arquitetura da Era Viking (793-1066 d.C.) é frequentemente ofuscada pelas representações de seus feitos marítimos e militares.
No entanto, a engenhosidade dos vikings na construção civil desempenhou um papel vital em sua sobrevivência e prosperidade, adaptando-se ao clima severo da Escandinávia e às necessidades militares, bem como as comunitárias.
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Desde as moradias comunitárias conhecidas como longhouses até os complexos sistemas defensivos das fortalezas circulares, a arquitetura viking reflete uma civilização avançada em suas capacidades de construção e planejamento urbano.
Esse artigo aprofunda a análise dos diversos tipos de edificações vikings, sua construção e as técnicas de uso sustentável dos recursos locais.
Grandes Salões: o coração das comunidades vikings
Os longhouses (grades salões) eram o centro da vida comunitária viking. Essas estruturas, que variavam em tamanho conforme o status social de seus ocupantes, podiam medir entre 20 e 70 metros de comprimento.
Alguns longhouses descobertos, como os encontrados em Lofoten, na Noruega, chegavam a quase 80 metros, sendo as maiores construções residenciais da época.
Estrutura e Função dos Longhouses
Essas construções eram construídas utilizando colunas de madeira que sustentavam o teto em formato curvado, semelhante a um barco virado de cabeça para baixo.
O teto geralmente era coberto por palha ou grama e as paredes eram feitas de uma mistura de madeira e barro, usando a técnica wattle and daub (varas entrelaçadas cobertas com argila e palha), que fornecia isolamento térmico adequado para os invernos rigorosos.
No interior, havia uma fogueira central para o aquecimento e preparo dos alimentos. No entanto, a ausência de chaminés tornava o ambiente enfumaçado, o que, curiosamente, ajudava a preservar a madeira das vigas contra apodrecimento.
A funcionalidade dos longhouses era multifacetada. Eles abrigavam não apenas as famílias, mas também seus animais e estoques de alimentos.
Durante os rigorosos invernos nórdicos, os animais eram mantidos dentro da casa, o que contribuía para manter a temperatura interna. Em muitos casos, os longhouses serviam como centros comunitários, onde os vikings se reuniam para contar histórias e realizar trabalhos manuais.
As grandes fogueiras centrais eram cercadas pelas áreas de convivência, uma característica que revela a importância da vida comunitária entre os nórdicos [1, 5].
Diferenças sociais nas construções
A diferença entre os longhouses comuns e os de líderes, a exemplo dos reis vikings é notável. Nos salões dos líderes, havia uma sofisticação maior, com elementos decorativos e artísticos, como gravuras em madeira e tapeçarias.
Os grandes salões vikings, como o famoso salão de Uppsala, na Suécia, serviam não apenas como residências, mas como palácios para rituais e festas.
Leia também: Tudo o que você precisa saber sobre as longhouses vikings
Eles eram símbolos de poder e muitas vezes ficavam localizados em pontos elevados, onde podiam ser vistos de longe, servindo também como marcos visuais [2].
Hofs: centros de espiritualidade e celeiros como pilares econômicos
Embora a vida cotidiana girasse em torno dos longhouses, os hofs eram as construções dedicadas ao culto e aos rituais religiosos.
Essas construções serviam de templos onde os vikings realizavam sacrifícios e outros rituais para os Poderes Governantes, como Óðinn, Þórr e Freyja.
Os hofs eram decorados com símbolos religiosos e esculturas das divindades nórdicas, demonstrando a forte conexão entre a arquitetura e a espiritualidade viking [4].
Celeiros: o sustento da comunidade
Os celeiros, por outro lado, eram fundamentais para a economia viking. Usando as mesmas técnicas de construção dos longhouses, os celeiros eram projetados para armazenar alimentos, grãos e utensílios, garantindo a sobrevivência durante os longos invernos.
O armazenamento eficiente de recursos era essencial em um ambiente onde a agricultura era limitada. Muitos celeiros vikings foram construídos usando a técnica wattle and daub, reforçando a durabilidade e o isolamento das construções.
Em regiões mais ao norte, como na Noruega e Islândia, foram encontradas evidências de construções de celeiros que utilizavam técnicas de construção com pedras e toras de madeira para garantirem a maior preservação dos alimentos e das ferramentas de trabalho [6].
Planejamento urbano e fortalezas circulares
Embora os vikings sejam frequentemente lembrados por suas incursões marítimas, suas conquistas em terra firme eram igualmente impressionantes, especialmente no que se refere ao planejamento urbano.
Cidades como Hedeby (hoje na Alemanha) e Jorvik (atual York, Inglaterra) eram centros urbanos avançados com sistemas de drenagem, fortificações e ruas bem planejadas.
Essas cidades eram polos comerciais que atraíam mercadores de toda a Europa e do Oriente Médio, graças à sua localização estratégica nas rotas comerciais nórdicas.
Fortalezas de Trelleborg e Fyrkat
As fortalezas circulares, como Trelleborg e Fyrkat, na Dinamarca, eram obras de engenharia defensiva altamente avançadas para a época.
Essas fortalezas eram protegidas por muralhas de madeira e cercadas por fossos, sendo capazes de abrigarem centenas de guerreiros e civis em tempos de guerra.
Trelleborg, por exemplo, foi construída durante o reinado de Haraldr Blátǫnn (Harold Bluetooth), no final do Século X, sendo considerada ainda uma das maiores realizações da arquitetura militar viking [5].
Essas fortalezas não eram apenas militares; elas também desempenhavam um papel importante no comércio e nas trocas culturais, já que muitos dos grandes centros urbanos vikings eram conectados a essas estruturas defensivas.
Neste sentido, a arquitetura viking oferece um vislumbre fascinante da vida cotidiana e das prioridades dos povos nórdicos.
De seus longhouses comunitários aos hofs religiosos e às poderosas fortalezas, cada construção refletia a necessidade de sobrevivência, proteção e expressão cultural.
Mais do que simples guerreiros, os vikings eram mestres da engenharia e do planejamento urbano, utilizando técnicas sustentáveis e adaptadas ao ambiente severo da Escandinávia.
A arqueologia moderna continua a revelar novos detalhes sobre essa arquitetura extraordinária, ajudando-nos a entender melhor a complexidade da “sociedade” da Era Viking.
Este artigo foi parcialmente criado por Inteligência Artificial (IA). Para mais notícias sobre achados arqueológicos e história, continue acompanhando a Livros Vikings. Somos um site dedicado a trazer informações históricas e curiosidades sobre a Era Viking. Se você gostou deste artigo, compartilhe-o em suas redes sociais!
Referências
[1] AN INSIGHT INTO THE HISTORY OF EARTHEN ARCHITECTURE. International Research Journal of Modernization in Engineering, Technology and Science, 2024.
[2] ERIKSEN, Marianne Hem. Architecture, Society, and Ritual in Viking Age Scandinavia. Cambridge: Cambridge University Press, 2019. DOI: https://doi.org/10.1017/9781108667043.
[3] LANGER, Johnni. Guia da Dinamarca Viking: sítios, museus e festivais. João Pessoa: Núcleo de Estudos Vikings e Escandinavos (NEVE). Disponível em: https://neve2012.blogspot.com/2018/12/guia-da-dinamarca-viking-sitios-museus.html. Acesso em: 02 out. 2024.
[4] RE-THINKING THE FUTURE. An overview of Architecture in the Viking Age. Disponível em: https://www.re-thinkingthefuture.com/architectural-community/a5886-an-overview-of-architecture-in-the-viking-age/. Acesso em: 02 out. 2024.
[5] ROESDAHL, Else. Viking Age Denmark. London: British Museum Publications, 1982.
[6] NORSEMYTHOLOGIST. Architecture and Buildings in the Viking Age. Disponível em: https://norsemythologist.com/viking-architecture. Acesso em: 02 out. 2024.
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