Pouco se sabe sobre os necrotérios vikings, ou "casa dos mortos". A descoberta aponta uma diversidade nas práticas funerárias vikings, que vai muito além de uso de barcos, em simbologia da travessia para o outro lado da vida.
Durante a construção de uma estrada na província de Trondelag, na Noruega, foi encontrado um cemitério no território da fazenda medieval de Vinjeora. Após escavações, ficou claro que não se tratava de um cemitério comum, mas de necrotério da Era Viking.
A rara descoberta consiste em uma construção de cinco metros de comprimento e meio metro de largura. De acordo com arqueólogos, o prédio tinha colunas nos seus quatro cantos, sustentando um telhado de tábuas. Com exceção de alguns tijolos, as paredes e o teto do prédio não estão preservados já há muito tempo.
"Essa é uma descoberta muito interessante", disse o arqueólogo do Museu Científico da Universidade de Ciência e Tecnologia da Noruega, Raymond Sauvage, conforme reportou a emissora norueguesa NRK.
O condado de Vinjeora foi um assentamento viking. Em seus campos foram encontrados até sete necrotérios, invisíveis aos olhos leigos por causa do impacto de anos de atividade agrícola. Mas um sobrevoo do terreno revela os cemitérios, um dos quais inclusive tem o contorno de uma casa.
"Nós sabemos que as pessoas eram veladas em barcos. Mas agora sabemos que alguns poderiam ser velados em covas", afirmou Sauvage.
Na região, arqueólogos encontraram tanto barcos quanto caixões, o que sugere que os vikings velavam seus mortos de diversas maneiras.
"Alguns eram inclusive cremados. Somando tudo, temos um quadro muito interessante. Esperamos que isso possa melhorar a nossa percepção sobre a Era Viking na Escandinávia", acrescentou o arqueólogo.
Simbologia da 'casa dos mortos'
Até agora, 15 necrotérios foram identificados na Noruega. Apesar da descoberta de construções similares em outros pontos da Escandinávia, como na Suécia e na Dinamarca, o fenômeno ainda é pouco conhecido.
Há quem acredite que as casas tenham desempenhado papel simbólico, similar a prática de despachar cadáveres em barcos, simbolizando a travessia final.
"Quem sabe eles construíssem a casa para os mortos, a fim de que eles ficassem na fazenda e a protegessem", arriscou Sauvage.
Marianne Hem Eriksem, do Museu de História Cultural de Oslo, sugeriu que as casas dos mortos fossem um local ritualístico, cuja função seria acompanhar a transição entre a morte biológica e a morte social.
"Talvez fossem locais para se despedir, limpar e vestir os cadáveres, antes do momento do 'enterro'", considerou ela.
A Era Viking compreende os anos 793 e 1066 d.C. e foi caracterizada pela exploração da Europa por escandinavos. As explorações vikings eram feitas, sobretudo, por mar e rio. A influência dos vikings se estendeu da Groenlândia, a oeste, à Rússia, a leste.
FONTE: Sputnik Brasil
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