Quando se pensa em Ratatoskr, o esquilo mais célebre da mitologia nórdica, se pergunta: por que há um chifre crescendo em sua testa?
Você pode vê-lo em um manuscrito iluminado do Século XVII na coleção do Instituto Arni Magnusson de Estudos da Islândia em Reykjavik. Um desenho mostra o símbolo em torno do qual toda a mitologia nórdica está organizada: a famosa Yggdrasill, ou Árvore do Mundo. A árvore é povoada por várias criaturas temíveis. No canto inferior esquerdo está Ratatoskr, parecendo um cachorro com um chifre saindo direto de sua testa.
"Não temos um texto para explicar isso", disse Gisli Sigurdsson, professor do departamento de folclore do Instituto Magnusson da Universidade da Islândia. Especularemos um pouco sobre esse chifre, mas primeiro, um curso intensivo de mitologia nórdica e o papel que o esquilo desempenha nela: a Era Viking começou por volta de 800 d.C. e terminou cerca de 300 anos depois. Durante esse tempo, noruegueses (e mulheres) saíram da Escandinávia, saqueando e colonizando tudo que cruzasse o seu caminho, através da Grã-Bretanha, das dispersas ilhas do Atlântico Norte, da Islândia, da Groenlândia e se aventurando até a América do Norte. A maior parte do que sabemos sobre as histórias que os vikings contaram é de Snorri Sturluson, um poeta e advogado islandês, uma combinação que não era tão rara na época como é hoje. Snorri (1179-1241d.C.) era ambicioso. Ele viajou da Islândia para a Noruega para se agarrar aos líderes e adquirir habilidades. Snorri escreveu algo conhecido como “Edda em Prosa”, que reuniu vários mitos nórdicos e os organizou para que pudessem ser aprendidos e usados pelos poetas em formação. Ele descreveu como a Árvore do Mundo incluía terras como Asgard, onde os deuses viviam, e Midgard — ou Terra Média — onde os humanos viviam. Ele mencionou figuras como Odin, Thor e Loki. Apoie a Livros Vikings, saiba como... Sentado no galho mais alto da Árvore do Mundo, está uma águia. No fundo, roendo uma raiz, há uma cobra monstruosa. E correndo para cima e para baixo na árvore, carregando mensagens entre a águia e a cobra, como um Mercúrio de cauda espessa, está Ratatoskr. É uma coisa curiosa”, disse Jesse Byock, professor de nórdico antigo e estudos escandinavos medievais da UCLA. "É um personagem menor e é mencionado apenas uma vez na "Edda em Prosa" e, depois em alguns dos poemas. Mas desempenha um papel estranho e misterioso, conectando os céus com os mundos inferiores”. Obviamente, faz sentido que se você tiver uma árvore, tenha um esquilo. O que é fascinante sobre a árvore, é que ela não está plantada no chão. Ele flutua no céu. Durante anos, os estudiosos se perguntaram o que isso significava. Então, em 1994, um médico do Canadá chamado Bjorn Jonsson apresentou sua teoria: A Árvore do Mundo e seus elementos eram astronômicos. Suas várias características representavam estrelas e planetas no céu noturno, cada uma correspondendo a um Deus ou um personagem diferente. "É um jogo divertido de jogar, mas sem Snorri ao nosso lado, apontando as coisas, estaríamos mais ou menos atirando no escuro — exceto pela Via Láctea", disse Sigurdsson. “Se você estiver sentado em uma banheira de hidromassagem na noite escura de inverno e alguém lhe disser que existe uma Árvore do Mundo sustentando o céu, e ela é branca, quase transparente como a membrana dentro de uma casca de ovo, você se concentraria rapidamente na Via Láctea”. Os filmes do Thor da Marvel trouxeram a mitologia nórdica para um público maior, algo que Snorri provavelmente teria entendido. "Não existe a versão correta de nenhum mito", disse Sigurdsson. “Os mitos são constantemente reformulados, recontados e remontados para servir aos propósitos do presente. Snorri estava escrevendo sua versão para um fim específico: como um livro didático para poetas... Agora você tem Hollywood pegando todos esses elementos e motivos, sacudindo-os na sacola mais uma vez com a finalidade de fazer filmes”. Byock disse: "Sou professor de nórdico antigo e arqueólogo. Era obscuro quando eu comecei. Agora eu vim para o mainstream". Mas, e o chifre de Ratatoskr? Bem, esquilos não vivem na Islândia. Provavelmente quem criou esse desenho nunca tinha visto um. Snorri provavelmente os viu quando foi para a Noruega, onde os esquilos vermelhos são comuns. O que é comum na Islândia são os narvais. O artista islandês pode ter usado uma dessas criaturas do mar como inspiração. Ou talvez ele simplesmente sentisse que Ratatoskr — o nome significa "dente de broca" — merecesse algum enfeite, tornando-o tanto um unicórnio quanto um esquilo. Snorri fez seu próprio embelezamento. As menções anteriores de Ratatoskr descreveram o esquilo como um transporte de mensagens, nada mais, nada menos. Porém, Snorri introduziu outro elemento: seu Ratatoskr transmitia não apenas informações, mas insultos e fofocas caluniosas. Brincou Sigurdsson: "Por causa dessa mensagem, Ratatoskr deveria realmente ser um esquilo guardião de jornalistas". Agora aguarde apenas um minuto.... onde eu coloquei o meu martelo? FONTE: Washington Post KELLY, John. Meet Ratatoskr, mischievous messenger squirrel to the Viking gods. Washington Post. Washington, 13 de abr. de 2020. Disponível em: <https://www.washingtonpost.com/local/meet-ratatoskr-mischievous-messenger-squirrel-to-the-viking-gods/2020/04/13/94645e7c-7d95-11ea-a3ee-13e1ae0a3571_story.html>. Acesso em: 14 de abr. de 2020. 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