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DEGELO EXPÕE MAIS SEGREDOS VIKINGS NA NORUEGA

Atualizado: 23 de ago. de 2021

O verão de 2011 foi excepcionalmente quente no sul da Noruega. Onde passagens no alto das montanhas elevadas eram obstruídas com neve e gelo dos anos anteriores. Lá os topógrafos e membros da equipe do projeto Secrets of the Ice (Segredos do Gelo) encontravam apenas rochas quebradas misturadas com água derretida. Ainda assim, enquanto abriam caminho através das pedras que cobriam a passagem de Lendbreen, a equipe percebeu que havia encontrado um vasto tesouro arqueológico, o qual permaneceu congelado por mais de mil anos. Em pouco tempo, começaram a coletar inúmeras ferramentas, artefatos e armas – itens que pertenciam aos vikings.


Degelo expõe segredos vikings na Noruega
Uma proposta de reconstrução digital de uma das casas vikings ancestrais, por Elling Utvik Wammer, membro da Secrets of the Ice. — Crédito da Imagem: Secrets of the Ice. Ilustração: Espen Finstad/Hege Vatnaland
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Depois de receber atenção internacional por sua descoberta, a equipe decidiu retornar a Lendbreen em busca de mais respostas. Restavam perguntas, como quais propósitos tinham os viajantes? Para onde eles iam? Ávidos, os membros da equipe se aventuraram para além da passagem de Lendbreen, revelando roupas, utensílios domésticos, trenós e restos de animais, entre outros artefatos.


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Montes de pedras antigos, que marcavam uma trilha descendo a encosta da montanha, a partir da passagem, figuram na lenda popular. A tradição do Século XVIII falava de assentamentos muito mais antigos nessa encosta, casas que antecedem os registros históricos disponíveis com mais 300 anos. Com as buscas, veio a descoberta. A cortar arbustos densos, a equipe descobriu várias fundações de pedra que, há muitos séculos, sustentavam habitações de madeira. A datação por radiocarbono situou as construções entre os anos 750 d.C. e 1150 d.C.


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O arqueólogo Lars Pilø lidera o projeto Secrets of the Ice, uma cooperação entre o Conselho do Condado de Innlandet e a Universidade de Oslo (Noruega). Falando ao GlacierHub, Lars observou que pouco se sabe sobre como os vikings usavam essas passagens nas montanhas e qual era o seu objetivo principal. Seria pastorear gado? Viajar ou fazer comércio? “Os artefatos do gelo derretido são uma nova e muito importante fonte de dados para lançar luz sobre essas questões. Eles mostram que as montanhas do sul da Noruega não eram áreas remotas, desprovidas de contato externo.” A verdade é exatamente o oposto: as evidências coletadas pela equipe do Secrets of the Ice indicam que os povos antigos que usavam a passagem tiveram contato com o mundo viking em geral.


A equipe realizou pequenas escavações dentro de algumas dessas fundações de pedra abaixo de Lendbreen e encontrou carvão. Possíveis lareiras, contendo material rico em carbono, permitindo que as casas fossem datadas com precisão. As evidências recuperadas do derretimento do gelo em altitudes mais elevadas foram ainda mais variadas: a extensa lista da mancha de gelo de Digervarden, nas proximidades do Parque Nacional de Reinheimen, incluía pontas de flechas da Idade do Ferro e do Bronze — indicando a importância contínua da caça e do pastoreio de gado neste período —, bem como um esqui de madeira do Século VI, com sua amarração intacta.


Prazo limitado para recuperação

A aquisição dessa evidência também tem implicações sombrias, uma vez que tais descobertas são possibilitadas pela mudança climática e pelo rápido derretimento do gelo, que agora expõe esses artefatos antigos. De acordo com o Centro de Pesquisa Climática Internacional (Cicero), 326 quilômetros quadrados de geleiras norueguesas desapareceram desde meados da década de 1980, sendo a área total coberta por geleiras diminuída em 11% nos últimos 30 anos.


O arqueólogo Runar Hole mostrando o ski Digervarden do Século VIII. — Crédito da Imagem: Aud Hole, Secrets of the Ice

Mark Aldenderfer, um reconhecido especialista em arqueologia de alta altitude e professor emérito da Universidade da Califórnia em Merced (EUA), falou ao GlacierHub sobre as implicações da mudança climática nesses locais únicos. “Acho que no futuro próximo o gelo estará derretendo em um ritmo cada vez mais rápido, e que a arqueologia deveria tirar proveito disso”, observou. Seu argumento para investigar em vez de se manter longe baseia-se na infeliz verdade de que existem esforços limitados de conservação que seriam eficazes em impedir que esses pequenos fragmentos derretessem. Ele acrescentou que “só podemos esperar que os governos e os demais interessados trabalhem para estabilizar as emissões de gases de efeito estufa para o bem de todo o planeta.”


Pilø ecoa essa postura, afirmando que “o nosso trabalho é tentar resgatar os achados arqueológicos que emergem do gelo derretido”. Na verdade, o prazo para a recuperação desses artefatos é altamente limitado. Sua composição orgânica os torna vulneráveis ​​à desintegração e a decomposição. Isso significa que se os itens não forem encontrados logo após serem retirados do gelo, provavelmente serão perdidos para sempre.


Potencial arqueológico significativo

O trabalho tem seu impacto emocional, e ele enfatiza que causa uma “profunda impressão” testemunhar o derretimento tão rápido do gelo das montanhas e das geleiras. “Coletar pedaços da história humana à medida que aparecem em uma ordem de tempo reversa, a partir do gelo em retração é um trabalho que não se pode fazer sem um profundo pressentimento.” Pilø acrescentou que eles mantêm os rastros de carbono do programa baixos. Isso muitas vezes significa evitar o uso de helicópteros para transportar equipamentos pesados ​​às altitudes mais elevadas, os carregando a pé (embora às vezes com a ajuda de cavalos de carga).


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Com um total de 63 sítios em 2021 e cerca de 100 candidatos adicionais, o programa Secrets of the Ice não está diminuindo a velocidade. Todos esses locais são antigos campos de caça de renas e caribus, onde dois deles são passagens nas montanhas elevadas, e Lendbreen está entre elas. O fato de comunidades pré-históricas terem vivido e caçado nessas áreas, combinado com o gelo remanescente que preserva seus artefatos perdidos, dá aos locais um potencial arqueológico significativo.


Segundo o relatório Climate in Norway 2100, do Centro Norueguês para Serviços Climáticos (NCCS, na sigla em inglês), grandes geleiras deverão perder um terço de suas áreas totais e volumes até o final deste século. Prevê-se que as geleiras menores desaparecerão totalmente, exceto nas altitudes mais elevadas. Pilø está severamente compenetrado, “ainda existe muito trabalho a fazer”, afirmou.


FONTE: Phys

BURGESS, Daniel. Melting ice and a high altitude dig reveal Viking secrets in Norway. Phys. Douglas, 09 de ago. de 2021. Disponível em: <https://phys.org/news/2021-08-ice-high-altitude-reveal-viking.html>. Acesso em: 13 de ago. de 2021. (Livremente traduzido pela Livros Vikings)


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