A arqueologia viking moderna revela novas facetas sobre mobilidade, diáspora e identidade, desafiando antigas narrativas e compreensões históricas
Índice
A Era Viking (793 - 1066 d.C.) é tradicionalmente associada a saques e invasões. Contudo, novas descobertas arqueológicas e avanços científicos ampliam nossa compreensão desse período.
Com o auxílio de métodos como análise de DNA antigo e estudos isotópicos, os arqueólogos revelam a complexidade dessa sociedade.
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Mais do que guerreiros, os vikings foram exploradores, comerciantes e formadores de redes que conectaram a Escandinávia a regiões como a Rússia, as Ilhas Britânicas e até a América do Norte.
Este artigo explora essas descobertas e como elas desafiam antigas narrativas.
Mobilidade e conexões: exploradores além de guerreiros
A mobilidade foi um aspecto crucial da Era Viking. Muito além dos ataques a mosteiros e cidades costeiras, os vikings dominaram a navegação e criaram rotas comerciais que conectaram vastas regiões.
Estudos isotópicos recentes, como os realizados nos enterramentos de Salme, na Estônia, indicam que incursões marítimas ocorreram na região do Báltico antes dos famosos ataques ao Ocidente.
A análise de DNA e de isótopos de estrôncio revelou que os indivíduos enterrados em Salme vieram da Suécia central, o que sugere que os primeiros vikings já realizavam expedições muito antes do ataque a Lindisfarne, em 793 d.C.
Essas descobertas também destacam a importância das trocas comerciais. A busca por riquezas, como ouro e prata, era motivada tanto por pressões econômicas quanto pela necessidade de exibir status e poder.
A ostentação de objetos estrangeiros, como joias e armas, muitas vezes importados de lugares distantes, representava uma forma de demonstrar prestígio na “sociedade” viking.
A diáspora viking: uma rede cultural expansiva
A Era Viking também marcou a formação de uma vasta diáspora. Escandinavos se estabeleceram em locais como Inglaterra, Irlanda, Normandia, Rússia e até a América do Norte.
Diferente do simples saque, a diáspora viking envolveu a criação de comunidades duradouras que interagiam com populações locais, resultando em uma rica troca cultural.
Judith Jesch, uma das principais estudiosas da diáspora viking, descreve esse fenômeno como uma "diáspora cultural", na qual a identidade viking foi moldada e transformada em contato com outras culturas.
Novas evidências arqueológicas, como os túmulos de Cumwitton, na Inglaterra, e as escavações em Wolin, na Polônia, revelam que essas interações iam além do conflito.
Em muitos casos, os vikings se integravam às populações locais, adaptando seus costumes e influenciando as culturas com as quais interagiam.
A descoberta de artefatos em estilo escandinavo em toda a Europa reforça a ideia de um intercâmbio cultural ativo.
Identidade e gênero: desafios às velhas narrativas
Outro aspecto fascinante das novas pesquisas sobre os vikings é a redescoberta de suas dinâmicas sociais, especialmente no que diz respeito à identidade e aos papéis de gênero.
Um exemplo marcante foi a descoberta em Birka, Suécia, de um túmulo de uma mulher identificada como guerreira, através da análise de DNA.
O túmulo Bj.581, originalmente escavado no Século XIX, continha armas e outros símbolos de status, levando os arqueólogos da época a presumirem que se tratava de um homem.
No entanto, testes modernos provaram que a pessoa enterrada era, de fato, uma mulher, desafiando a visão tradicional de que as mulheres vikings não ocupavam papéis militares ou de liderança.
A análise de objetos funerários, como joias e armas, também sugere que a “sociedade” viking se preocupava com a apresentação pessoal e o status.
Objetos encontrados em diferentes contextos indicam que a identidade viking era fluida e adaptável, especialmente em ambientes fora da Escandinávia.
Impacto ambiental e mudanças climáticas
O estudo da ecologia durante a Era Viking também ganhou destaque na arqueologia moderna.
As mudanças climáticas e o impacto ambiental são vistos como fatores importantes que moldaram as “sociedades” vikings.
As comunidades vikings que se estabeleceram em áreas como a Islândia e Groenlândia enfrentavam condições ambientais extremas.
A arqueologia ambiental, combinada com estudos geofísicos, demonstra que o clima severo pode ter influenciado a migração viking para áreas como a América do Norte.
Ao estudar os assentamentos nórdicos na Groenlândia, os pesquisadores descobriram que os vikings desenvolveram práticas agrícolas inovadoras para sobreviverem nas duras condições do Atlântico Norte.
No entanto, a deterioração climática no final da Era Viking pode ter contribuído para o declínio dessas colônias, sugerindo uma forte conexão entre as mudanças ambientais e o destino dos assentamentos.
Este artigo foi parcialmente criado por Inteligência Artificial (IA). Para mais notícias sobre achados arqueológicos e história, continue acompanhando a Livros Vikings. Somos um site dedicado a trazer informações históricas e curiosidades sobre a Era Viking. Se você gostou deste artigo, compartilhe-o em suas redes sociais!
Referência
LUND, Julie; SINDBÆK, Søren M. Crossing the Maelstrom: New Departures in Viking Archaeology. Journal of Archaeological Research, 2022, v. 30, p. 169-229.
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Excelente artigo. Mas fica sempre a dúvida: porque os Vikings que demonstravam grande sabedoria não se firmaram de verdade em algum local? Porque não há hoje nenhum país realmente estruturado na descendência Viking? Eles viajaram tanto e se "dissolveram" no meio de outros povos? Vejamos o exemplo dos romanos: tiveram um grande império, foram reduzidos em território, mas a Itália está aí como um país extremamente importante. E os Vikings? Que país fundaram? Nenhum nos dias atuais. Onde conseguiram manter a língua nativa deles? Tradições? Religião? Observar que muitos se converteram ao cristianismo! (eugenio.accs.ecj@gmail.com) Em 22.10.2024 / 3a. feira.