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Doença de “Mão Viking” ou Doença de Dupuytren remete aos neandertais

Pesquisadores descobriram uma ligação entre material genético neandertal e uma condição de saúde incomum que afeta os seres humanos modernos.


Doença de “Mão Viking” ou Doença de Dupuytren remete aos neandertais
A mão de uma pessoa com a "Mão Viking", também conhecida como contratura de Dupuytren, uma condição que pode fazer com que alguns dedos fiquem permanentemente dobrados. — Crédito da Imagem: Artwell/Adobe Stock

A doença em questão é a doença de Dupuytren, também conhecida como Mão Viking, uma condição na qual um ou mais dedos de uma pessoa podem ficar permanentemente dobrados.


Neandertais que viveram entre 40.000 e 50.000 anos atrás, sem dúvidas, sofreram de alguma forma dessa condição. Através da mistura genética, eles transmitiram essa vulnerabilidade aos seres humanos que viviam ao lado deles no norte da Europa.


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Conforme explicado em um novo artigo publicado na revista Molecular Biology and Evolution, a doença de Dupuytren é muito mais comum em pessoas de ascendência norte-europeia do que naquelas cujos antepassados são da África. De fato, o nome "Mão Viking" vem de sua predominância entre os descendentes dos antigos guerreiros da Era Viking.


Destacando essa relação posterior, um estudo descobriu que cerca de 30% dos noruegueses acima de 60 anos apresentam os sintomas da doença de Dupuytren, geralmente nos dedos médio e/ou anelar.


Segundo o autor principal do artigo, geneticista evolutivo Hugo Zeberg, do Instituto Karolinska em Solna, Suécia:


Este é um caso em que o encontro com os Neandertais afetou quem sofre da doença.

No entanto, Zeberg enfatizou que é importante não exagerar na conexão entre os Vikings e os Neandertais.


Mão Viking: Antes e Agora

Foi na Europa que grande parte do cruzamento entre os Neandertais e os seres humanos modernos ocorreu entre 42.000 e 65.000 anos atrás. As populações africanas viveram separadas dos Neandertais, que ocuparam exclusivamente a Eurásia. Como resultado, pessoas de ascendência africana possuem apenas traços de DNA neandertal.


Em 1999, um estudo dinamarquês com gêmeos determinou que o desenvolvimento da doença de Dupuytren é mais fortemente influenciado pela hereditariedade, com um fator estimado em 80%. Embora outros fatores de risco para a condição tenham sido identificados, incluindo idade, uso de álcool e diabetes, uma predisposição genética está presente.


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Isso significa que o material genético neandertal absorvido no genoma humano é, de fato, a verdadeira causa dessa condição. Foi a prevalência da doença de Dupuytren, especialmente entre os europeus do norte, que intrigou os cientistas o suficiente para motivar o estudo das origens genéticas da condição.


Para facilitar sua pesquisa, a equipe de especialistas liderada por Hugo Zeberg analisou dados coletados de 7.871 pessoas com a doença e 645.880 indivíduos de controle listados no UK Biobank, na coleção FinnGen R7 e na Michigan Genomics Initiative. Seu objetivo foi identificar a presença de variantes genéticas que pudessem estar conectadas à doença de Dupuytren.


Através de uma extensa análise comparativa, os cientistas identificaram 61 variantes genéticas associadas à Mão Viking, sendo que três delas são conhecidas por terem origem neandertal. Mais significativamente, as duas variantes mais fortemente associadas são provenientes dos Neandertais, sugerindo que esses primos humanos extintos eram particularmente suscetíveis à doença de Dupuytren.


Os cientistas envolvidos no estudo acreditam que a ampla prevalência dessa condição nas populações humanas atuais seria altamente improvável sem ter havido contato e cruzamento com as populações neandertais.


DNA Neandertal: Uma Maldição, uma Bênção ou uma Mistura de Ambos?

Estudos mostraram que cerca de dois por cento do genoma humano é composto por DNA proveniente de ancestrais neandertais distantes. Apenas pequenas quantidades são encontradas naqueles que descendem de pessoas que viveram na África subsaariana, com base na falta de penetração neandertal nessa parte do mundo.


Embora possa não parecer muito, o desenvolvimento humano foi significativamente impactado pela presença desse material genético. O estudo que relaciona a chamada Mão Viking aos genes neandertais não é particularmente surpreendente, pois outros estudos encontraram uma clara conexão entre nossa herança genética neandertal e várias condições de saúde humana.


Por exemplo, pesquisas abrangentes publicadas em 2014 encontraram conexões entre genes neandertais e diabetes tipo 2, doença de Crohn, cirrose biliar (uma doença autoimune do fígado) e incidência de depressão. Estudos recentes até sugeriram uma ligação entre genes neandertais e susceptibilidade à Covid-19.


Esses genes não necessariamente introduziram novos tipos de doenças no pool genético humano. Mas aumentaram a probabilidade de desenvolvimento de certas condições. Pesquisas adicionais podem indicar que outras condições de saúde humana são afetadas pelo DNA neandertal da mesma forma.


Em sua maioria, os genes neandertais estão concentrados em áreas que codificam a criação da pele e do cabelo humano. Os cientistas acreditam que esse DNA foi adquirido e transmitido porque tinha vantagens de sobrevivência: as contribuições neandertais teriam dado aos humanos a capacidade de crescer cabelos e pele mais espessos, o que ajudaria a protegê-los dos climas mais frios que encontraram na Eurásia depois de deixarem o continente africano.


Dadas as suposições por trás dessa teoria, a persistência de genes neandertais que aumentam o risco de doenças parece surpreendente, uma vez que esse DNA reduziria as chances de sobrevivência em vez de aumentá-las. É possível que os genes neandertais tenham sobrevivido nos humanos como resultado de acaso, oferecendo benefícios em alguns casos e aumentando a vulnerabilidade em outros.


O que todas as pesquisas mostram de forma conclusiva é que os genes neandertais têm um impacto significativo na saúde e desenvolvimento humano. No contexto da Mão Viking, os Neandertais introduziram uma condição genética no pool genético humano que é desagradável, mas não representa uma ameaça significativa à sobrevivência. A maioria das pessoas afetadas por essa doença provavelmente não tinha conhecimento de sua herança genética neandertal até agora. No entanto, com essa recente revelação científica, é provável que nunca esqueçam sua recém-descoberta conexão ancestral com os Neandertais.


FONTE: Ancient Origins

FALDE, Nathan. 'Viking’s Disease' Hand Condition Traced Back to Ancestral Neanderthals. Ancient Origins. Dublin, 14 de jun. de 2023. Disponível em: <https://www.ancient-origins.net/news-evolution-human-origins/vikings-disease-0018631>. Acesso em: 14 de jun. de 2023. (Livremente adaptado pela Livros Vikings)


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