Bathonea, às margens de uma lagoa em Istambul, já foi uma cidade portuária movimentada, lar de hititas, micênicos, alasianos, bizantinos, vikings e otomanos.
Entre 2007 e 2009, uma equipe de arqueólogos, geólogos, arquitetos e engenheiros subaquáticos realizou uma pesquisa preliminar sobre Bathonea, que está situada perto do Lago Kucukcekmece, no noroeste da Turquia, onde foram descobertos vários barcos naufragados e os restos de um antigo farol.
O pessoal local tem a própria opinião sobre o farol submerso. Eles acreditam que foi um minarete (torre nas mesquitas, com três ou quatro andares e balcões salientes, de onde o muezim anuncia a hora das orações — explicação adicional pela Livros Vikings (Fonte: Dicionário Aulete) — de uma cidade de muito tempo atrás. A líder da equipe de escavação de Bathonea, Sengul Aydingun, da Universidade Kocaeli, afirmou que os moradores ficaram bastante desapontados quando descobriram que os restos não eram um minarete, como eles acreditavam.
Aydingun disse ao TRT World que Bathonea é uma descoberta significativa, porque não havia vestígios conhecidos dos hititas, um antigo grupo de indo-europeus, por estarem confinados à Anatólia central, isso por volta de 1650 a.C. De acordo com Aydingun, a camada inferior de Bathonea remonta a 2000 a.C. Além dos hititas, havia vestígios de micênicos da costa do Egeu, Alasianos do Mediterrâneo (Chipre) e outras tribos dos Bálcãs. Esta é a primeira vez que tais civilizações foram encontradas na península da Trácia, na Turquia.
As estatuetas, feitas de cerâmica e chumbo, foram descobertas em anos anteriores, e Aydingun acredita que outras serão descobertas, conforme as escavações continuarem no verão de 2021.
Esta camada foi coberta pela elevação do nível do mar ou por um grande evento sísmico, após um desastre natural, fazendo com que a área não visse nenhuma civilização por mil anos.
No sétimo e sexto século a.C, Bathonea foi ocupada novamente por comunidades que vieram da Grécia antiga e formaram uma área portuária. “Nós indentificamos esses sinais na península Firuzkoy, no extremo norte do lago”, diz Aydingun.
Depois vieram os romanos, especialmente o imperador Constantino e seus filhos depois dele, que construíram consideravelmente nesta península. “Os edifícios deles que sobraram são raros no centro de Istambul, mas estamos cavando e encontrando exemplos imaculados por aqui”, acrescentou Aydingun. “São cisternas, edifícios portuários antigos, piscinas, palácios, mosteiros e mártires — igreja ou santuário construído sobre o túmulo de um mártir cristão”.
Aydingun refere-se ao texto rúnico riscado na Hagia Sophia, presumivelmente feito por um soldado Viking ou um oficial comandante há 1100 anos, dizendo "Halvdan esteve aqui". Embora ela soubesse que os vikings vinham a Istambul para fazer comércio, eles encontraram provas disso em Bathonea na forma de cruzes vikings e produtos de âmbar. Os vikings, ao que parece, viajaram de longe desde o mar Báltico, onde normalmente residiam.
Enquanto isso, inúmeras ânforas descobertas durante a escavação, originárias da Espanha, Itália, África e Líbano, indicam que havia comércio com terras longínquas. Havia também milhares de recipientes de remédios feitos de argila, dispositivos médicos, enquanto os almofarizes e pilões usados na preparação de remédios apontavam para "Daphnision", conhecido como o centro de produção de remédios da Era Antiga.
A lagoa está protegida das intempéries e, portanto, foi um ambiente rico para a pesca e caça de aves. Uma das maiores fontes de renda dos moradores de Bathonea era o peixe e o molho de peixe, garum, que também significavam receita de impostos para o estado. Sabe-se que, certa vez, em Bathonea, eram pescadas 150.000 toneladas de peixes por ano.
A atividade comercial do porto de Bathonea atingiu o pico no Século V d.C., mas sofreu um declínio acentuado após meados do Século VII. O Império Bizantino teve que lidar com desastres naturais, como terremotos, bem como invasores árabes e sassânidas do sul, bem como tribos búlgaras do oeste.
O Império Bizantino passou pelo maior declínio comercial durante a época em que todos os postos do Mediterrâneo, como Egito, Chipre e Rodes ficaram sob o domínio árabe. Por não haver mais grãos e azeite vindos do Egito, outras mercadorias dos portos mediterrâneos apareceram no porto de Bathonea. Para agravar o problema, itens de luxo de cobre e do Extremo Oriente, como tecidos ricos, pedras semipreciosas, ébano, marfim e ovos de avestruz da África também não vieram mais. Como resultado, Bathonea entrou em declínio, assim como o porto de Teodósio, a 20 quilômetros de distância, havia entrado.
Não seria revivido até que os Vikings e Varangues chegassem entre os Séculos IX e XI. Após o Século XII, o porto de Bathonea ficou sem uso após a invasão latina e foi abandonado.
Após esta era, a forte influência religiosa do Império Bizantino pode ser vista em estruturas basílicas e restos de igrejas. Essas construções sugerem que a área foi construída para ser um local sagrado.
Por outro lado, durante a época otomana, acredita-se que as margens do terraço de pedra cercavam o lago completamente, alguns edifícios na margem sugerem que Bathonea era usada como um estaleiro. A lagoa Kucukcekmece atualmente conecta ao Mar de Mármara, o que significa que no passado pode ter sido usada como um porto seguro para navios.
As escavações de Bathonea terminaram no ano de 2020 e serão retomadas no verão de 2021. Quem sabe quais novas descobertas trarão no próximo ano?
FONTE: TRT World
ALEMDAR, Melis. From Hittites to Vikings: The hidden history of Turkey's Bathonea unearthed. TRT World. Istambul, 02 de set. de 2020. Disponível em: <https://www.trtworld.com/life/from-hittites-to-vikings-the-hidden-history-of-turkey-s-bathonea-unearthed-39418>. Acesso em: 03 de set. de 2020 (Livremente traduzido pela Livros Vikings).
Seja uma das primeiras pessoas a receber as novidades do Mundo Viking, assinando a nossa Newsletter ou adicionando-nos em seu WhatsApp... Siga-nos nas Redes Sociais.
Comentarios