Ovos em fezes de 2,5 mil anos revelam parasita que infectou vikings. Os excrementos fossilizados encontrados na Dinamarca, Letônia e Holanda mostram que tricurídeos podem ter gerado infecções ao longo de milhares de anos em humanos.
Ao estudarem fezes fossilizadas descobertas em latrinas de assentamentos vikings na Dinamarca, pesquisadores mapearam geneticamente um dos parasitas humanos mais antigos — o tricurídeo (Trichuris trichiura). Os resultados foram publicados em julho na revista Nature Communications.
Os cocôs fossilizados, datados de até 2,5 mil anos, foram recolhidos em Viborg e Copenhaguen, no território dinamarquês, mas também na Letônia e Holanda. Os pesquisadores isolaram os ovos de parasita sob um microscópio e depois os peneiraram e analisaram geneticamente.
O resultado foi um mapeamento que reflete a disseminação global do parasita entre seres humanos pré-históricos e ao longo de milhares de anos. Trata-se da maior e mais aprofundada análise genética de um dos parasitas mais antigos.
O estudo foi possível graças à quitina, presente nas cápsulas de ovos dos tricurídeos, que permitiu preservar seu DNA interno. "Sabemos há muito tempo que podemos detectar ovos de parasitas com até 9 mil anos de idade no microscópio. Para nossa sorte, os ovos são projetados para sobreviver no solo por longos períodos”, conta o professor Christian Kapel, um dos autores correspondentes da pesquisa, em comunicado.
Os pesquisadores compararam as amostras de fezes antigas com coletas contemporâneas obtidas de pessoas com parasitas de vários países da África, América Central, Ásia e Europa. Isso forneceu ao grupo uma visão geral do genoma do tricurídeo e sua evolução ao longo de 10 mil anos.
"Sem surpresa, podemos ver que o tricurídeo parece ter se espalhado da África para o resto do mundo junto com os humanos há cerca de 55 mil anos, seguindo a chamada hipótese 'fora da África' sobre a migração humana", disse Kapel.
Segundo o especialista, o parasita pode gerar doenças graves em pessoas desnutridas ou com sistema imunológico debilitado. "Nosso mapeamento do tricurídeo e seu desenvolvimento genético facilita o desenvolvimento de medicamentos antivermes mais eficazes que podem ser usados para impedir a propagação desse parasita nas regiões mais pobres do mundo", conta o professor.
Estima-se que o tricurídeo afete 500 milhões de pessoas nos países em desenvolvimento, embora seja raro em nações mais ricas. O parasita pode crescer de 5 a 7 centímetros e viver despercebido no intestino de um indivíduo saudável por vários meses. Durante esse período, ele põe ovos, que são expelidos pelas fezes.
Os parasitas são transmitidos por via fecal-oral, e seus ovos microscópicos podem se espalhar para a água potável ou alimentos. "Os ovos ficam no chão e se desenvolvem por cerca de três meses. Uma vez maduros, podem sobreviver na natureza por mais tempo, enquanto esperam para ser consumidos por um novo hospedeiro em cujo trato digestivo eles irão eclodir", afirma Kapel.
Segundo o pesquisador, da Era Viking e até a Idade Média, a falta de condições sanitárias e de uma separação entre a cozinha e o banheiro permitiu que o tricurídeo se espalhasse com facilidade. Contudo, ele ressalta que, até hoje, “infelizmente ainda existem condições favoráveis para a disseminação em regiões menos desenvolvidas do mundo".
FONTE: Revista Galileu
OVOS em fezes de 2,5 mil anos revelam parasita que infectou vikings. Revista Galileu. Rio de Janeiro, 02 de set. de 2022. Disponível em: <https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Arqueologia/noticia/2022/09/ovos-em-fezes-de-25-mil-anos-revelam-parasita-que-infectou-vikings.html>. Acesso em: 06 de set. de 2022. (Livremente adaptado pela Livros Vikings).
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