A maneira pela qual os vikings e os seus ancestrais da Idade do Ferro faziam os seus escudos de guerra sempre foi um mistério, mas um novo estudo explica em detalhes e ilumina um aspecto tradicionalmente sombrio de antigos artefatos de guerra e armamentos nórdicos.
As culturas da Idade do Ferro e da Era Viking do norte da Europa criavam escudos de placas de madeira finas que eram reforçadas com peles de animais antes das batalhas. Até agora, essas coberturas eram consideradas apenas em termos estéticos, mas um novo projeto de pesquisa demonstrou como essas coberturas conferiam "maior resistência e integridade estrutural".
Estudando ferramentas estratégicas de deflexão
Se você já comprou uma capinha de celular, a sua felicidade por ter gastado apenas um punhado de dinheiro “vai pro ralo” após a primeira chuva ou queda acidental em meio à multidão. Esse tipo de frugalidade causou a perda de milhares de vidas no início da Idade do Ferro, quando os guerreiros germânicos caíam no chão por terem proteções de segunda categoria como escudos, que inevitavelmente se despedaçavam durante as batalhas.
Com a transição da Idade do Ferro Germânica à Era Viking, em meados do Século IX, a seleção, o tratamento e a aplicação de peles de animais em escudos avançaram, levando em consideração muitos fatores para aumentar a resistência do escudo. No entanto, os métodos exatos utilizados no final da Idade do Ferro e na Era Viking para fazer escudos eram um mistério arqueológico até a publicação deste novo estudo. Ao adotar novos métodos analíticos, a equipe de pesquisa respondeu não só que tipo de pele de animal eram preferidos, mas também possibilitou a reconstrução de escudos antigos, abrindo a porta para pesquisas sobre como esses dispositivos de deflexão eram usados durante a guerra, tanto tática quando estrategicamente.
Da produção de escudos aos estilos de luta
No artigo publicado na revista Bericht der Römisch-Germanischen Kommission, Rolf Warming (líder do projeto) da Society for Combat Archaeology, em conjunto com a School of Conservation, Aarhus University e Moesgaard Museum, e uma equipe de pesquisadores, incluindo René Larsen, Dorte Sommer, Luise Ørsted Brandt e Xenia Pauli Jensen começaram a determinar quais espécies animais tinham as suas peles usadas nos escudos e se essas eram curtidas ou não. Eles conduziram microanálises em quatro amostras de escudos datados de 350 a.C. a 1000 d.C. Esses resultados foram então comparados com um conjunto de amostras de um escudo letão — de origem curoniana — bem preservado de 875 d.C.
O estudo mostra que as peles de bovinos e ovinos eram as matérias-primas preferidas para a fabricação dos escudos. Contudo, os cientistas entendem que quatro escudos são uma amostra pequena para tirar conclusões em termos de variações regionais e cronológicas em projetos de escudos ou procedimentos de produção, ainda assim, apontam que o estudo fornece uma nova estrutura para futuras escavações arqueológicas que se depararem com escudos antigos.
Apesar de estudarem apenas quatro escudos, foi verificado que as peles dos animais eram cuidadosamente escolhidas antes de serem tratadas de várias maneiras para aumentar sua durabilidade e depois esticadas nas faces dos escudos para uso em combate corpo a corpo. A pesquisa também mostrou como as diferentes técnicas de luta determinavam em grande medida como os escudos seriam feitos. Várias adaptações e inovações foram feitas para se adequar aos estilos de luta.
Novos métodos de pesquisa explicam como os vikings usavam os escudos em combate
Agora que as metodologias de produção de escudos são mais bem compreendidas, os pesquisadores mudarão seu foco da fabricação à compreensão de como os escudos realmente funcionavam em combate. Para auxiliar nesta fase da pesquisa, réplicas de escudos autênticos serão usadas em aplicações de arqueologia experimental. Em um projeto SoCA separado, em colaboração com a Fortaleza Viking de Trelleborg no Museu Nacional da Dinamarca, uma dessas réplicas do escudo Viking já foi feita com base em dados arqueológicos coletados de um dos quatro escudos da Era Viking incluídos no novo estudo. Este escudo em particular foi recuperado do túmulo Bj 850 de Birka, Suécia.
Durante sua vida, o escudo original do Século IX descoberto em Birka, na Suécia, permaneceu totalmente funcional. Sua borda foi reforçada com couro denso de gado, que provavelmente era usado para desviar golpes de espada, machado e lança vindos de diferentes ângulos. Enquanto isso, o revestimento do escudo era feito de couro de ovelha e amortecia todo o impacto dos ataques frontais.
No novo estudo, os pesquisadores sugerem que a pele de carneiro era usada no revestimento do escudo devido ao seu peso — mais leve —, que a torna mais fácil de esticar, do que a de gado. Os testes confirmaram que a pele proveu “qualidades de absorção de choque”, obstrução do alinhamento da lâmina e ajudou a desviar cortes poderosos.
FONTE: Ancient Origins
COWIE, Ashley. Viking Shield Technology Revealed in New Breakthrough Study. Ancient Origins. Dublin, 14 de out. de 2020. Disponível em: <https://www.ancient-origins.net/news-history-archaeology/viking-shield-0014397>. Acesso em: 14 de out. de 2020. (Livremente traduzido pela Livros Vikings).
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