A influência do antigo idioma nórdico dos vikings no inglês continua em debate, afirmam os especialistas.
Quando as pessoas aprendem inglês como uma língua estrangeira, geralmente é muito útil para elas entenderem as três principais formas de cada verbo: o presente, o pretérito e o particípio passado. Os tempos verbais anteriores ocorrem em frases como “I saw them today but I should have seen them last week”; “You knew him and so I must have known him too”; “He has gone away – he went last week”. Alguns verbos como ver, saber e ir têm formas diferentes para cada uma dessas três.
O verbo to bind, no entanto, possui apenas duas formas diferentes. O pretérito deste verbo é bound, como em “he bound the wound with a bandage”; e a forma do particípio passado também é bound, como em “he has always bound such wounds with bandages”.
Mas, nem sempre foi assim. Richard Harman escreveu recentemente ao The New European sobre esse verbo, depois de ouvir a transmissão de rádio do Service of Nine Lessons and Carols da King's College, Cambridge. Ele tinha ouvido a performance da canção de Natal “Adam lay ybounden” e se interessou pela palavra medieval em inglês ybounden — ‘bound ou tied’.
No inglês antigo, as três formas principais do verbo ‘bound’ eram bindan, band e gebunden. No período medieval, as três formas a serem lembradas por qualquer pessoa que estudasse o inglês mudaram para binden, bound e ybounden.
Em seu texto, o Sr. Harman citou uma ligação entre a forma medieval inglesa, ybounden, e as formas semelhantes em alemão e holandês, gebunden e gebonden, respetivamente. E é claro, que elas estão certas — as semelhanças não são uma coincidência.
Essa maneira de fazer particípios passados usando o prefixo ge — foi herdada do germânico ocidental, a antiga língua mãe do inglês, alemão e holandês. Entre as línguas germânicas modernas, o prefixo também ocorre no iídiche gebundn e no africâner gebind. No suíço-alemão do cantão de Valais, no sul da Suíça, a forma é gibundu.
No inglês moderno, entretanto, ybounden tornou-se bound, embora a forma mais longa bounden sobreviva até certo ponto no uso de adjetivos, como em “bounden duty”. Mas o prefixo ge- original, mais tarde y-, desapareceu. Harman menciona muito corretamente a teoria de que essa perda no inglês — mas, não no alemão, iídiche, holandês ou africâner — pode ser explicada pela influência maciça do Nórdico Antigo no inglês após as invasões vikings da Grã-Bretanha. Em favor dessa teoria, podemos notar que o Nórdico Antigo dos vikings carecia do prefixo ge, assim como as línguas escandinavas modernas: norueguês tem bunde, bundit no sueco e bundet no dinamarquês.
Essa conjectura foi especialmente defendida pelos professores de linguística Joe Emonds e Jan Terje Faarlund, que em um livro intitulado English: the Language of the Vikings (Inglês: o idioma dos vikings), fizeram a sugestão atraente de que o inglês moderno não somente é um descendente do inglês antigo fortemente influenciado pelo Nórdico Antigo, mas sim um descendente direto do Nórdico Antigo, que foi fortemente influenciado pelo inglês antigo.
Certamente, em muitos aspectos o que eles dizem é claramente verdade. As evidências mais óbvias são os pronomes modernos do inglês they, them, their e theirs, que são todos de origem nórdica.
Particularmente no exemplo da canção “Adam laying bound”, entretanto, não podemos ter tanta certeza. Será que ybounden foi abreviado para bound por causa da influência do Nórdico Antigo dos vikings? Bem, a perda do mesmo prefixo também ocorreu em várias outras línguas germânicas, onde temos bem menos evidências de qualquer influência do Nórdico Antigo. A língua do baixo alemão do norte na Alemanha tem a forma bunnen, não gebunden; o frisão do norte falado no oeste de Schleswig tem bünjen; no Frísio Oriental da Saterland alemã é búunden, e no Frísio Ocidental da Holanda setentrional é bûn. Essas línguas todas, assim como o inglês, perderam o prefixo, entretanto, sem nenhuma influência óbvia dos vikings.
Carol
A canção de Natal era originalmente uma dança, especialmente uma dança de roda, mas o nome também foi dado às canções que eram cantadas para acompanhar uma ciranda. Foi usada especificamente em canções de Natal por volta de 1500. A etimologia não é certa, mas pode ter a mesma origem grega da palavra coral.
FONTE: The New European
TRUDGILL, Peter. The vocabulary of the Vikings. The New European. Norwich, 31 de jan. de 2021. Disponível em: <https://www.theneweuropean.co.uk/brexit-news/the-language-of-the-vikings-6920332>. Acesso em: 02 de fev. de 2021. (Livremente traduzido pela Livros Vikings)
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