Quando os vikings atacavam, vindos do outro lado do mar, eles levavam cativos com eles, além de saquear. O que acontecia com as pessoas escravizadas? O professor Neil Price explica até que ponto a sociedade da Era Viking era baseada na escravidão.
Os vikings não eram apenas escravistas, mas o sequestro, a venda e a exploração forçada de seres humanos sempre foram um dos pilares centrais de sua cultura”. É o que disse o professor Neil Price em seu instigante livro, The Children of Ash and Elm: A History of the Vikings.
O lugar da escravidão na cultura viking não é sempre referenciado na história popular, e quanto ao tema, o professor Price respondeu.
“Os estudos sobre escravidão na Era Viking têm atraído cada vez mais atenção nos últimos 15 anos ou mais. É uma daquelas coisas que sempre conhecemos. Todas as descrições de invasões daquela época falam sobre pessoas sendo levadas para o cativeiro. Não é como se não soubéssemos. E mesmo se você olhar para as fontes posteriores, como as famosas sagas islandesas, há muitas pessoas escravizadas nessas histórias.
“Parte do distanciamento de nossa percepção quanto aos vikings sobre essa realidade é, que falamos sobre escravos em vez de escravidão. E assim, de alguma forma, conseguimos converter isso em algo que não é realmente escravidão. É mais como servos ou algo assim. Não é. É escravidão. Quando pensamos em ataques vikings, sempre pensamos em termos de pilhagem física, levando algumas peças das igrejas ou joias, mas as pessoas são um dos principais produtos de todos esses ataques”.
O que os escravos faziam na sociedade viking?
De acordo com Price, este foco acadêmico renovado sobre a escravidão na sociedade da Era Viking mostrou que vastos recursos e o poder sobre as pessoas teriam sido necessários para permitir o aumento do tamanho das frotas vikings durante o período.
“Quando você entra no Século X ou XI, há frotas de centenas de navios. E quando você começar a calcular quanta lã é necessária para fazer as velas; de quantas ovelhas você precisa para fazer essas velas; quanta madeira é necessária para as tábuas; quanto ferro é necessário para os rebites; estamos basicamente falando sobre uma ocupação em tempo integral para centenas de pessoas. E temos que perguntar quem eram essas pessoas”.
Price afirma que essas pessoas eram, é claro, escravas. Ele acredita que são evidências de escravidão nos assentamentos do período, “onde você tem muitos prédios agrupados em torno de grandes salões. Nós sabemos quem morava nos grandes salões, mas quem morava nos pequenos?”
Escravidão e economia Viking
A necessidade de escravos para cumprir as funções econômicas que Price descreveu acima passou a se alimentar à medida que o período Viking avançava.
“Acredito que é um ciclo de atividade que tendemos a quebrar em suas partes componentes. Falamos sobre invasão e depois sobre comércio e podemos falar sobre escravidão também, mas na verdade é parte da mesma coisa, porque quando você sai em invasão, você captura pessoas que passam a ser escravizadas.
“Então você negocia esses escravos e pode usar o trabalho dessas pessoas escravizadas para construir mais navios e então fazer ainda mais ataques, e assim por diante.
É por isso que digo que as pessoas não livres são um componente central da economia viking. Não é que isso seja algo que apareça de repente com os vikings. Pelo que podemos dizer, a escravidão é uma instituição escandinava que remonta muito antes da Era Viking.
“Mas o engajamento disso em uma máquina econômica maior, na expansão da Era Viking, é o que muda. E é isso que também muda todo o mercado de seres humanos escravizados, porque eles são um dos principais frutos dos ataques”.
FONTE: History Extra
MUSGROVE, David. Slaves in the Viking Age: how prevalent were enslaved people in Viking societies? History Extra. Londres, 06 de nov. de 2020. Disponível em <https://www.historyextra.com/period/viking/viking-slaves-slave-trade-raids-slavery-evidence-thralls/>. Acesso em: 06 de nov. de 2020. (Livremente traduzido pela Livros Vikings)
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