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POR QUE OS INGLESES PODIAM ENTENDER OS VIKINGS?

Atualizado: 23 de ago. de 2021

Por que a comunicação pode ter sido o menor dos problemas, quando os vikings invadiram a Inglaterra?


Por que os ingleses podiam entender os vikings?

O Grande Exército Pagão dinamarquês invadiu o leste da Inglaterra em 865 d.C. Os assentamentos vikings seguiram crescendo e em grande escala ao longo dos Séculos IX e X.


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Muitas áreas ao leste e ao norte da ilha passaram a ter a população nórdica ou escandinava como maioria, tal qual pode ser visto hoje pelo grande número de topônimos nórdicos: Grimsby, Scunthorpe, Skegness, Lowestoft e muitos outros.


O número de escandinavos que realmente se estabeleceram na Grã-Bretanha não é conhecido, mas a partir de 890 d.C. uma grande área ao leste da Inglaterra tornou-se oficialmente Danelaw — a área da Inglaterra cedida aos dinamarqueses pelo Rei Alfredo de Wessex.


Partes da Danelaw foram compartilhadas entre os soldados vikings, transformando-os em colonos, que receberam depois mais pessoas chegadas da Dinamarca.


Antes de 865 d.C., por cerca de 400 anos ,o idioma inglês antigo vinha se desenvolvendo gradualmente, com relativamente pouca influência externa. Dali por diante, algumas pessoas que viviam em grandes áreas da Grã-Bretanha tornar-se-iam bilíngues — dinamarquês-inglês. Mas, há uma questão muito interessante sobre se 'bilíngue' é o termo correto a ser empregado.


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A língua-mãe original do nórdico antigo, o germânico do norte tinha sido um parente próximo do germânico ocidental, a língua-mãe do inglês.


Muitos cientistas linguísticos acreditam que havia uma língua ainda mais antiga, o germânico do noroeste, que era ancestral de ambas.


É possível, então, que os falantes do inglês antigo e do dinamarquês antigo, o nórdico antigo, pudessem se entender razoavelmente bem durante os Séculos IX, X e XI, mesmo sem se tornarem bilíngues.


O inglês antigo e o dinamarquês antigo podem, naquela época, ter sido mais parecidos como idioma e menos como dialetos, ainda que razoável e mutuamente inteligíveis em única língua, talvez um pouco como o inglês afro-americano moderno e o geordie.


Em um livro muito interessante chamado “Language and History in Viking Age England”, Matthew Townend escreveu que há evidências que sugerem ser considerável a mútua compreensão entre as duas línguas, especialmente após longos períodos de contato entre as populações, gerando uma familiaridade linguística.


Townend cita exemplos de contato entre nórdicos e ingleses envolvendo empreendimentos como tratados, compras terras, negociação de contratos, casamentos e resolução de disputas, onde é impossível imaginar que tudo isso teria acontecido sem que os indivíduos fossem capazes de se entender de forma razoável.


Nenhum intérprete ou tradutor foi mencionado, como costuma acontecer, quando a comunicação entre falantes de outras línguas é descrita.


O bidialetalismo pode muito bem ser uma descrição melhor da situação ao leste da Grã-Bretanha do Século X, do que o bilinguismo.


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A comunicação foi suficientemente bem-sucedida para permitir as transações face a face do dia a dia, e para impedir a necessidade de uma ou ambas as comunidades da Danelaw se tornarem bilíngues ou usarem intérpretes.


Apesar do fato da Danelaw ter voltado ao controle inglês em 917, um grande número de dinamarqueses permaneceu no leste e no norte da Inglaterra, e a interação cultural entre as duas comunidades foi considerável, havendo uma eventual fusão, ou seja, a criação de única comunidade que falava o mesmo idioma.


O número de palavras em inglês moderno com origens de nórdico antigo é considerável: call, dirt, disk, droop, egg, ill, kid, kindle, loft, odd, root, scold, skirt, sky, ugly, weak... mais they , them e their. Mas, nos dialetos ingleses locais falados em partes da antiga Danelaw, o número de palavras de origem escandinava é ainda maior. A lista, de diferentes partes do país, inclui bairn (‘child’), beck (‘stream’), brig (‘bridge’), carr (‘wooded bog’), flit (‘move house’), kirk (‘church’), lake (‘play’), lop (‘flea’), loup (‘jump’), nieve (‘fist’), staithe (‘landing stage’) e stroop (‘throat’)


Assim como atualmente os britânicos não têm problemas em emprestar palavras do dialeto inglês americano, os falantes do inglês antigo achavam fácil adotar palavras do dialeto dinamarquês antigo, o qual é oriundo do germânico do noroeste.


FONTE: The New European

TRUDGILL, Peter. Why the English could understand the Vikings. The New European. Londres, 15 de mai. de 2021. Disponível em: <https://www.theneweuropean.co.uk/brexit-news/why-the-english-could-understand-the-vikings-7934428>. Acesso em: 17 de mai. de 2021. (Livremente traduzido pela Livros Vikings)


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