Você provavelmente nunca ouviu falar de navios vikings elétricos antes. O velho encontra o novo em 'Saga Farmann' — os vikings provavelmente aprovariam, sendo os pioneiros que foram.
O navio Klåstad é muitas vezes lembrado como 'o quarto navio viking da Noruega'. Foi descoberto em 1893, mas não foi escavado até 1970. Ao contrário de outros navios vikings conhecidos, o Klåstad não foi usado para um enterro, na verdade, ele naufragou.
Em Vestfold, um distrito no leste da Noruega, a Oseberg Viking Heritage Foundation construiu uma réplica do navio Klåstad.
O navio foi lançado em 2018 e se chama 'Saga Farmann'. Sua localização; Tønsberg. E ninguém imagina que hoje ele tenha um motor elétrico de última geração.
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O Navio Klåstad
Navio mercante norueguês da Era Viking.
Encontrado em 1893 no município de Larvik em Vestfold.
Datado de 998 d.C. Encalhado ou naufragado provavelmente pouco depois.
Construído com madeiras de carvalho, bem como alguns pinheiros e faias.
Foi carregado com pedra de amolar de Eidsborg em Telemark
Fonte: Fundação Oseberg Viking Heritage
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Aprovação necessária
A fundação construiu o navio pensando em viagens de longa distância. Mas não é (mais) tão fácil navegar com um navio viking fora de águas norueguesas.
“Infelizmente, descobrimos que um navio aberto de madeira, construído à maneira da Era Viking, não pode ser aprovado como um navio de passageiros fora das águas territoriais da Noruega”, a fundação escreveu em 2018 em seu site.
Resumindo: foi um caminho tortuoso para obter a aprovação.
Descobrimos cedo que, para poder viajar nas hidrovias da Europa, você deve ter um motor a bordo, disse Lars Bill, gerente de projeto Saga Farmann.
A “equipe viking moderna”, liderada por Bill, foi clara em uma coisa:
Não queremos um motor a diesel velho e fedorento com uma hélice para alimentar o novo navio. [...] Queremos uma variante ecológica com propulsão elétrica.
Resultado de muitos anos de engenharia
Foi aí que Finn Limseth e seus colegas entraram em cena. Limseth é o fundador e coproprietário da SeaDrive, que fabrica motores elétricos para barcos.
Limseth tem muitos anos de experiência em engenharia. Ele trabalhou com tecnologia subaquática no Mar do Norte, dentre outras coisas. Também por muitos anos com hélices laterais e guinchos de ancoragem para a empresa Engbo.
“Vi muitas coisas estranhas no Mar do Norte”, disse Limseth, referindo-se à qualidade da construção e aos materiais usados debaixo d'água.
Agora ele trouxe sua experiência de ambos os mundos à própria empresa.
Tudo começou com um velho Draco
Conheci esses caras quando eles estavam testando um protótipo no canal abaixo de nós, disse Jan Vogt Knutsen, gerente de construção da Oseberg Viking Heritage Foundation.
O ano era 2018, e o protótipo era um velho barco Draco que acabara de receber um novo motor elétrico novinho. Os Draco são icônicos barcos a motor, feitos de fibra de vidro e produzidos na Noruega, que foram vendidos pela primeira vez na década de 1960. Knutsen se perguntou do que se tratava e conversou com eles.
“'Vocês são claramente as pessoas certas para criar um sistema elétrico especialmente adaptado para um navio viking'”, disse Knutsen brincando.
Limseth não considerou isso uma piada. Ele aceitou o desafio e convidou pessoas da Oseberg Viking Heritage Foundation para uma reunião.
Lars Bill e seu pessoal compareceram à reunião com requisitos rígidos para o que precisavam.
Pode manobrar completamente
Eles queriam um motor que não pudesse ser visto, ouvido ou cheirado. Parecia um pouco com requisitos tirados de um conto de fadas. A coisa toda também tinha que ser controlada por um joystick.
Mas Finn Limseth é um engenheiro e inovador. E assim o 'Saga Farmann' tornou-se um navio de teste para a SeaDrive brincar.
O sistema que eles criaram envolve quatro motores elétricos, chamados de pods. Os quatro pods foram montados no navio Viking: dois na frente e dois na parte de trás. As cápsulas da SeaDrive são feitas de um material chamado bronze de alumínio, altamente resistente à corrosão.
Eles são controlados por um joystick. Além disso, todo o material técnico está escondido sob o convés.
O pod pode girar completamente, mais ou menos 120 graus. Isso lhe dá uma capacidade de manobra que é completamente única.
Com o nosso sistema, você pode navegar para trás como um navio Viking tradicional, que é apontado em ambas as extremidades.
Depois de algumas tentativas e erros, o gerente de projeto Lars Bill confia no sistema elétrico o suficiente para partir à Turquia.
Pode fazer viagens longas
As primeiras viagens com o Saga Farmann depois de equipado com os seus motores elétricos envolveram um pouco de tentativa e erro. Segundo Bill:
Temos uma nova solução atualizada quase todos os anos. Cada melhoria é um passo à frente.
No início, eles não tinham controle por joystick, então os pods tinham que ser controlados manualmente. Uma pessoa para cada um dos quatro pods, com duas pessoas responsáveis pela comunicação entre os controladores.
Com bateria de capacidade limitada e direção manual, eles serpentearam o navio pelo Canal Telemark.
Houve uma série de coisas que pararam e houve alguns problemas. É assim que acontece quando você está envolvido no desenvolvimento básico de uma solução completamente nova.
Para o inovador e coproprietário da SeaDrive, Finn Limseth, trabalhar com o navio Viking foi uma experiência útil.
Nunca houve perigo, porque a SeaDrive aparecia sempre que surgiam problemas. [...] É por isso que a equipe sempre progrediu.
Depois de várias atualizações e novos conjuntos de pods, a solução final pode agora estar em vigor. Eles fizeram várias viagens longas na Noruega e na Escandinávia, com apenas uma situação em que os motores pararam de funcionar.
Partindo para Istambul
Eles chegaram ao estágio em que confiam no sistema o suficiente para estarem dispostos a embarcarem em viagens solo. Isso é crucial para a grande jornada que eles planejaram começar em 29 de abril de 2023. Ainda segundo Bill:
Esta é a viagem para a qual o navio foi realmente construído. [...] Vamos navegar por canais, rios e riachos até Istambul, na Turquia.
O Saga Farmann passará o inverno por lá antes de cruzar o Mediterrâneo novamente no ano seguinte.
Antes disso, Limseth espera que eles possam iniciar a regeneração com os pods, usando um software atualizado. A regeneração é uma espécie de efeito de frenagem do motor que carrega a bateria quando o navio está navegando.
A tripulação sabe que haverá longas distâncias entre as estações de carregamento, portanto, além das baterias, o 'Saga Farmann' terá de backup um gerador a diesel. Mas, quando necessário, apenas diesel ecológico será usado.
Um Navio Viking que “estaciona” de lado
A equipe encontrou muitas pessoas curiosas quando saiu com o 'Saga Farmann'.
Uma coisa é sua enorme manobrabilidade. Podemos girá-lo em círculo e dirigir de lado. Podemos nos esgueirar com uma folga de dez centímetros e ter controle total.
Quando atracamos em Risør durante o festival de barcos de madeira no ano passado e ‘estacionamos’ o navio Viking paralelamente, a pessoas curiosas vieram do restaurante ao lado.
Barco de corrida com pods
Muitos dizem que os barcos elétricos não serão uma alternativa realista por pelo menos mais cinco anos.
Ele está fazendo sua parte para provar que estão errados. É certo que a propulsão elétrica ainda não atende às necessidades de todos.
Pegue o barco de corrida do piloto de esqui alpino sueco Jon Olsson como exemplo: O barco de fibra de carbono de cinquenta pés, capaz de navegar a velocidades superiores a cem nós, com dois motores de 1.500 cavalos de potência cada, tem dois pods atuando num sistema híbrido. Esses pods não são projetados apenas para fornecer uma operação suave e sem cheiro.
Grandes motores de corrida movidos a diesel requerem manutenção a cada cinquenta horas e segundo Limseth:
Portanto, na meia hora em que ele (Jon Olsson) tem que dirigir a três nós do cais para o mar aberto, ele prefere usar a propulsão elétrica para economizar seus motores.
Limseth costuma ouvir que atualmente existem poucas estações de carregamento. Completamente errado, ele afirma:
Existe um potencial inexplorado para dobrar facilmente o número de estações de carregamento, permitindo que as associações náuticas obtenham receita com a venda de eletricidade. Muitos têm compressores para sistemas de bolhas no inverno e, portanto, capacidade de energia disponível no verão.
Os vikings foram inovadores
De acordo com Lars Bill, o velho encontra o novo no 'Saga Farmann'.
Somos pessoas modernas e preservamos o artesanato da Era Viking. É muito divertido trazer inovação para isso.
Bill diz que o navio representa o encontro do melhor dos dois mundos. Eles descrevem o navio como o ‘navio viking mais moderno do mundo’. Os vikings também foram inovadores, ressalta.
Acho legal termos pegado o que temos de mais inovador em nosso tempo e conectado a este projeto. Não precisa haver conflito entre o novo e o velho, desde que haja respeito.
Pesquisa e desenvolvimento de motores elétricos para barcos
Não são apenas empresários como Finn Limseth que viram o potencial dos motores elétricos para barcos. Os pesquisadores também estão trabalhando nisso.
No início deste ano, Trondheim foi o lar da primeira operação experimental do mundo de uma balsa elétrica autônoma de passageiros.
Morten Breivik do Departamento de Engenharia Cibernética da NTNU, em um artigo da universidade, afirmou:
A longo prazo, a tecnologia pode ser desenvolvida para criar transporte ecológico, flexível e econômico por toda a costa norueguesa.
FONTE: Science Norway
KASTE, Anders Moen. The world's most modern Viking ship can parallel park. Science Norway. Oslo, 28 de dez. de 2022. Disponível em: <https://sciencenorway.no/business-medieval-history-technology/the-worlds-most-modern-viking-ship-can-parallel-park/2129739>. Acesso em: 03 de jan. de 2023. (Livremente traduzido e adaptados pela Livros Vikings)
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