Os dentes dos vikings suecos revelam segredos intrigantes sobre a saúde bucal na Era Viking.
A análise de milhares de dentes de um grupo de pessoas da Era Viking Tardia da Suécia revelou que cerca da metade da população estava livre de cáries.
O estudo, conduzido por pesquisadores da Universidade de Gotemburgo analisou 3292 dentes vikings provenientes das escavações dos restos da mais antiga igreja de pedra cristã conhecida e de seu cemitério, localizado atrás da Abadia de Varnhem, em Skara, Suécia. Os resultados foram publicados na revista PLOS ONE.
A principal autora do estudo, Carolina Bertilsson, destaca a importância dos dentes como uma fonte única de informação, devido à sua preservação pós-morte, resultante do alto teor mineral. Bertilsson, dentista de profissão, enfatiza a confiabilidade da condição:
Uma cárie dentária é uma doença fortemente associada à dieta, podendo fornecer pistas sobre hábitos alimentares e seus conteúdos.
A análise das mandíbulas e dos dentes dos 171 indivíduos oriundos dos Séculos X ao XII oferece uma "compreensão única da vida e da morte nesta comunidade viking cristã primitiva", revelando que era comum sofrer de cárie dentária, perda de dentes, infecções de origem dentária e dor de dente.
Os vikings apenas “palitavam” os dentes
O estudo sugere que não eram implementadas medidas de higiene bucal além do “palitar” dos dentes, ainda assim em locais com marcas de abrasão provenientes do “palitamento”, não foram encontradas lesões cariosas.
Além do “palitar” dos dentes, havia evidências de limagem em um indivíduo do sexo masculino. Os pesquisadores afirmam que a razão pela qual os Vikings limavam seus dentes permanece desconhecida, mas acredita-se que possa ter sido um marcador de identidade.
A análise incluiu exames clínicos dos dentes por um dentista, utilizando uma sonda dental sob luz intensa. Outros 18 indivíduos foram selecionados aleatoriamente para exames radiográficos, a fim de confirmar os resultados.
Dos 133 indivíduos com dentes permanentes, 62% apresentavam sinais de cárie dentária e 4% tinham sinais de infecção. Cerca de um quarto (23%) dos dentes foram perdidos.
Os jovens com menos de 12 anos não tinha cáries
Entre a população adulta, a análise sugere que a média de idade da morte era de 35 anos, variando de 14 a mais de 50 anos. Surpreendentemente, nenhum dos 38 indivíduos com menos de 12 anos apresentava sinais de cárie.
O estudo destaca que, assim como a maioria dos Vikings suecos, a população de Varnhem vivia em comunidades agrícolas. Sua dieta incluía carnes como boi, porco, carneiro, peixe, laticínios, pão, mingau e vegetais como repolho, nabo, alho-poró, cogumelos e avelãs. Provavelmente, consumiam cerveja e, ocasionalmente, leite e hidromel.
Bertilsson destaca que a prevalência de cáries era semelhante à de outras populações europeias da mesma época. Curiosamente, as taxas de cárie dentária nas sociedades contemporâneas parecem ser amplamente semelhantes, embora as causas possam ser diferentes.
Segundo a Organização Mundial da Saúde/OMS, quase metade da população mundial é afetada por cáries dentárias, sendo o problema de saúde mais prevalente. Atualmente, o consumo crescente de açúcar é a principal causa de cáries dentárias.
Bertilsson observa que é difícil fazer comparações diretas, pois nas populações pré-históricas, observamos um efeito cumulativo da cárie, levando à perda de dentes, enquanto nas populações contemporâneas, existem tratamentos e medidas preventivas, como a pasta de dente com flúor, que alteram o padrão da doença.
Outro fator importante é que a dieta moderna, rica em carboidratos processados e açúcares, aumenta o risco de cáries.
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FONTE: Cosmos Magazine
STOCK, Petra. No signs of tooth decay in half of Swedish Viking population. Cosmos Magazine. Adelaide, 14 de dez. de 2023. Disponível em: <https://cosmosmagazine.com/history/archaeology/no-signs-of-tooth-decay-in-half-of-swedish-viking-population>. Acesso em: 14 de dez. de 2023. (Livremente adaptado pela Livros Vikings)
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Extremamente interessante este artigo a respeito da saúde bucal. Já li que nos Estados Unidos a grande maioria dos primeiros presidentes de lá, começando observações sobre George Washington, ficavam totalmente desdentados com o avanço da idade. Como visitei diversos museus nos USA, aqueles que se referem aos gabinetes dentários mostram os boticões para extração de dentes. Claro que naquele tempo não se tratava de canais e nem mesmo de cáries, a extração era comum. Que horror, felizmente nasci em 1951, enfrentei dificuldades mas já conheci o progresso. (eugenio.accs.ecj@gmail.com) Em 21.set.2024 / sábado.