Os escudos vikings encontrados no navio Gokstad em 1880 não eram estritamente cerimoniais e podem ter sido usados em combate, de acordo com uma nova análise.
Dezenas de escudos vikings de um famoso navio funerário desenterrado na Noruega não eram estritamente cerimoniais como se pensava; em vez disso, eles podem ter protegido guerreiros em batalha.
Uma reanálise dos escudos de madeira, que foram desenterrados no navio Gokstad no sul da Noruega em 1880, sugere que eles eram cobertos com couro cru (pele de gado não curtida) e usados em combate corpo a corpo, de acordo com a epesquisa publicada. em 24 de março na revista Arms and Armour.
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Segundo o autor do estudo Rolf Warming, um doutorando em arqueologia da Universidade de Estocolmo:
Os escudos [Gokstad] estão de acordo com a nossa compreensão de escudos usados em combate [...] O artesanato faz parte da tradição do escudo germânico plano e redondo, que é uma tecnologia armamentista muito difundida na Escandinávia, especialmente entre o início do Século III e o final do Século XIII.
Um total de 64 escudos — possivelmente um para cada tripulante do navio — foram amarrados ao longo da borda superior do casco do navio, logo acima dos orifícios dos remos.
A embarcação já foi usada no mar, provavelmente para uma batalha, comércio ou transporte. Mas, por volta de 900 d.C., foi arrastada para a terra e usada no enterro de um Rei Viking.
Escudos Vikings
A reanálise de Warming mostra que os escudos consistiam em tábuas ou pranchas de madeira cônicas em torno de um hemisfério de ferro conhecido como saliência (boça) de um lado e uma alça de madeira do outro. Isso tornava os escudos leves e fáceis de manobrar.
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As pranchas de cada escudo eram pintadas de amarelo ou preto (ou próximo), dando aos escudos sobrepostos a aparência de luas crescentes amarelas e pretas.
No passado, os arqueólogos sugeriram que esses escudos tinham apenas uma função cerimonial. Porém, Warming tem evidências de que os escudos foram originalmente cobertos com uma fina camada de pele de animal para reforçar as suas tábuas e bordas. Ainda segundo o doutorando:
Existem fragmentos de uma camada orgânica no topo das placas do escudo que podem ser remanescentes, mas que ainda precisam ser analisados [...] No entanto, há evidências indiretas como furos de costura e uma borda chanfrada [inclinada] que indicam que as placas foram construídas para acomodar uma camada protetora de algum tipo.
Isso fortalece a ideia de que os escudos Gokstad eram para uso em combate e não apenas para decoração, conforme avaliou Warming:
Eles provavelmente são melhores interpretados como equipamentos pertencentes ao navio e usados pela tripulação a bordo, seja no mar ou em terra.
Invasores vindos do mar
Navios como o de Gokstad eram cruciais para os vikings —nome derivado de um termo para invasores nórdicos usado pelos ingleses atacados.
Embora nem todos os nórdicos fossem vikings, as incursões por tesouros e escravos se estabeleceram na Escandinávia após o Século VIII, até os nórdicos se converterem ao cristianismo a partir do Século X.
Os navios vikings tinham velas quadradas; contudo eles também eram equipados com remos, podendo navegar através de ventos fortes ou por rios. Esses barcos também tinham cascos rasos e leves construídos em clínquer, para que os vikings pudessem se aproximar da terra e puxar seus barcos para a costa, quando necessário.
Warming acha que os escudos do Navio Gokstad serviam como uma “armadura” extra, ou como uma "demonstração de força" em tais situações; e que os vikings poderiam desamarrá-los do casco para enfrentarem um combate corpo a corpo.
Não há evidências diretas de que eles foram usados em batalha, tal qual corroborou o pesquisador:
Alguns entalhes e marcas irregulares foram observados nas saliências do escudo [...] Eles precisam ser submetidos a análises cuidadosas de uso e desgaste que poderão indicar se os escudos foram usados em combate.
Warming acrescentou que os escudos eram um elemento importante do combate corpo a corpo, mas muitas vezes esquecidos pelos pesquisadores:
Os escudos podem nos dizer muito sobre o movimento corporal e, portanto, das técnicas e táticas de combate, por isso é importante documentá-los em detalhes.
John Bill, curador da Coleção de Navios Vikings do Museu de História Cultural da Universidade de Oslo, que não esteve envolvido no estudo, todavia realiza uma pesquisa separada sobre os escudos, chamou o trabalho de Warming de "interessante e bem argumentado":
Isso levanta uma questão relevante que também foi levantada por outros” [...] "A verdade sobre os escudos de Gokstad provavelmente é complexa e mais pesquisas interdisciplinares são necessárias para esclarecê-la.
FONTE: Live Science
METCALFE, Tom. 1,100-year-old 'ceremonial' Viking shields were actually used in battle, study suggests. Live Science. Londres, 04 de abr. de 2023. Disponível em: <https://www.livescience.com/1100-year-old-ceremonial-viking-shields-were-actually-used-in-battle-study-suggests>. Acesso em: 12 de abr. de 2023. (Livremente traduzido e adaptado pela Livros Vikings)
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