As rotas, portos e os locais de desembarque usados pelos vikings na Escócia serão investigados em um importante projeto de pesquisa.
Os pontos de entrada dos colonos nórdicos e os trajetos terrestres por onde arrastavam os seus barcos para diminuir o tempo de viagem e evitarem os perigos desnecessários, serão examinados em escala nunca vista.
Especialistas da Universidade de Highlands and Islands e seus colegas acadêmicos da Alemanha usarão uma mistura de nomes vikings de lugares, pesquisas geofísicas e escavações arqueológicas para mapear as rotas e as comunicações usadas pelos escandinavos na Escócia entre 790 e 1350 d.C.
O estudo se concentrará em locais da costa oeste, mas Caithness e Sutherland também serão examinados.
Espera-se que centenas de potenciais locais ligados aos colonos nórdicos sejam identificados para serem profundamente estudados.
A professora Alexandra Sanmark do Instituto de Estudos Nórdicos da Universidade de Highlands and Islands que liderará o projeto de pesquisa, disse: “Meu trabalho anterior foi sobre os assentamentos vikings na Escócia e o tipo de sociedade que estavam criando aqui em comparação com a Escandinávia”.
“Sempre houve uma lacuna — e essa foi a viagem”.
Os vikings desembarcaram pela primeira vez nas ilhas Shetland e Orkney no final do Século VIII, com migração posterior à medida que as ilhas se tornavam superpovoadas.
Os recém-chegados, primeiro saqueavam e depois tornavam-se mais pacíficos com o tempo, deixando rastros na nova pátria de suas cultura e língua.
Os nomes vikings de lugares são de interesse fundamental para a equipe de pesquisa e têm a capacidade de desbloquear um "mapa mental" das rotas para a Escócia e os respectivos pontos de desembarque, disse Sanmark.
A ilha de Hoy em Orkney — a última “terra firme” que separa Orkney do Atlântico — deriva seu nome da palavra em nórdico antigo "háey", com Hoy sendo traduzida como Ilha Elevada.
Nesse ínterim, Lerwick é traduzida como "baía lamacenta" e Kirkwall como "baía da igreja".
A professora Sanmark disse: “Os nomes dos lugares tendem a ser bastante descritivos. Há tantas evidências em nomes de lugares e isso é muito importante. Podemos dividí-los em nórdico antigo, o que nos diz muito.
"Sabemos que também havia algumas descrições das viagens. Um relato de como navegar de Bergen à Groenlândia descreve como partir para o oeste, depois ao norte de Shetland, que podia ser vista com o tempo claro, bem como o sul da Islândia, onde havia pássaros e baleias. É como um mapa mental e acho que teria sido o mesmo para quem vinha à Escócia. A ideia é que a viagem era feita ligando esses elementos-chave, uns aos outros”.
À medida que os pesquisadores seguem os movimentos vikings, os nomes dos lugares que derivam do nórdico antigo para porto (hafn) tornam-se de particular interesse. Aqueles que carregam o elemento knörr (um tipo de navio), como Knarston em Orkney, podem refletir um local à atracação de navios.
“Os nomes de lugares em gaélico podem, é claro, conter elementos do nórdico antigo, portanto, também os examinaremos”, disse a professora Sanmark.
A relação entre o mar e a terra também será examinada, através do uso das portagens pelos vikings — faixas estreitas de terra entre canais — que são de fundamental interesse.
O idioma novamente será um guia fundamental para esses locais, a exemplo, Eday traduzida do nórdico antigo para Ilha da Portagem.
Era em lugares como Eday que os barcos vikings, com suas quilhas baixas, podiam navegar direto para a praia e uma grande tripulação podia arrastar o seu navio por terra para encurtar o tempo de viagem e a distância.
A professora Sanmark disse que provavelmente havia muitas portagens usadas pelos vikings na Escócia.
Ela disse: “Ninguém realmente olhou para isso antes. Os barcos vikings eram muito, muito leves e podiam ser puxados pela terra com muita facilidade. Os vikings criavam atalhos. Sabemos que quando os vikings estiveram na Rússia descendo os rios e enfrentando as corredeiras, eles saiam do barco e caminhavam.
"Esses barcos eram tão leves que podiam ser puxados por cerca de um quilômetro sem muito esforço."
Os pequenos navios às vezes eram colocados em hastes de madeira e carregados pela tripulação, sendo os navios maiores às vezes movidos a rolos.
A pesquisa sobre as viagens vikings deve começar "a sério" em fevereiro, com um dos primeiros locais de interesse sendo Loch na h-Airde, na península de Rubha an Dunain, em Skye.
Em 2009, os arqueólogos descobriram madeira de barco do início do Século XII, um cais construído com pedras no lago e um sistema para manter o nível da água constante para permitir que os barcos, provavelmente birlinns, entrassem no mar, independente da maré.
Acredita-se que o local, serviu como um ancoradouro significativo na costa oeste com embarcações nórdicas e medievais jazendo no lago.
A Professora Sanmark liderará o projeto, cuja equipe inclui o Dr. Andrew Jennings, líder do programa de Estudos Vikings MLitt na UHI, quem tem o especial interesse nos nomes vikings de lugares.
O Dr. Sven Kalmring do Centro de Arqueologia Báltica e Escandinava de Schleswig e o Dr. Dennis Wilken da Universidade de Kiel também estarão no time de pesquisa na Alemanha.
O Dr. Kalmring estudou por muito tempo os portos da Era Viking e escreveu extensivamente sobre Hedeby, na costa leste da Península da Jutlândia, que já foi um local de comércio extremamente importante na Era Viking da Dinamarca.
Ele também constrói equipamentos específicos para lidar com as condições hoje apresentadas pelos portos. Enquanto isso, o Dr. Wilken é um especialista em geofísica.
A pesquisa é financiada pelo Humanities from the Arts and Humanities Research Council (AHRC) e pelo German Research Council (DFG).
FONTE: The Scotsman
CAMPSIE, Alison. Travel routes and landing places of Vikings in Scotland to be mapped like never before. The Scotsman. Edimburgo, 27 de dez. de 2021. Disponível em: <https://www.scotsman.com/heritage-and-retro/heritage/travel-routes-and-landing-places-of-vikings-in-scotland-to-be-mapped-like-never-before-3501820>. Acesso em: 29 de dez. de 2021. (Livremente traduzido pela Livros Vikings)
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