Um detector de metais da Hungria desenterrou uma pequena moeda de prata perdida há quase 1.000 anos e marcada com o nome de um famoso Rei Viking.
No entanto, não foi desenterrada na Escandinávia e sim no sul da Hungria, onde esteve escondida por quase 1.000 anos.
Torne-se um escritor de sucesso e venda os seus livros nas maiores varejistas do Brasil, clicando aqui.
A descoberta confundiu os arqueólogos, que lutaram para explicar como a moeda pode ter ido parar lá – é possível que ela tenha chegado com a corte de um rei húngaro medieval.
A antiga moeda norueguesa, denominada "penning", não era especialmente valiosa na época, embora fosse feita de prata, e valesse o equivalente a US$ 20 no dinheiro de hoje.
"Esta escrita é o equivalente ao denar usado na Hungria da época", disse Máté Varga, arqueólogo do Museu Rippl-Rónai na cidade de Kaposvár, no sul da Hungria, e doutorando da Universidade de Szeged, na Hungria, à Live Science por e-mail. "Não valia muito — talvez o suficiente para alimentar uma família por um dia".
O detector de metais Zoltán Csikós encontrou a moeda de prata no início deste ano em um sítio arqueológico nos arredores da vila de Várdomb e a entregou ao arqueólogo András Németh do Museu do Condado de Wosinsky Mór, na cidade vizinha de Szekszárd.
O sítio de Várdomb guarda os restos do assentamento medieval de Kesztölc, uma das cidades comerciais, à época, mais importantes da região. Os arqueólogos fizeram centenas de achados lá, incluindo ornamentos de vestidos e moedas, disse Varga.
Há evidências consideráveis entre o contato da Hungria medieval com a Escandinávia, especialmente por conta dos artefatos escandinavos encontrados na Hungria e húngaros achados na Escandinávia, os quais poderiam ter sido trazidos e levado por comerciantes ou artesãos, disse Varga.
Mas esta é a primeira vez que uma moeda escandinava foi encontrada na Hungria, disse ele.
Quem foi Harald Hardrada?
A moeda encontrada no sítio de Várdomb está em mau estado, mas é reconhecível como um penning norueguês cunhado entre 1046 e 1066 d.C. para o Rei Harald Sigurdsson III — também conhecido como Harald Hardrada — em Nidarnes ou Nidaros, uma casa da moeda medieval em Trondheim, no centro da Noruega.
A descrição de uma moeda semelhante mostra o nome do rei "HARALD REX NO" — que significa Harald, Rei da Noruega — e é decorada com uma "triquetra", um símbolo de três lados que representa a Santíssima Trindade do cristianismo.
O outro lado é marcado com uma cruz cristã em linhas duplas, dois conjuntos ornamentais de pontos e outra inscrição que nomeia o mestre da casa da moeda em Nidarnes.
Harald Hardrada ("Hardrada" se traduz como "governante duro" em norueguês) era filho de um chefe norueguês e meio-irmão do Rei Norueguês Olaf II, de acordo com a Britannica. Ele viveu no final da Era Viking, e às vezes é considerado o último dos grandes reis guerreiros vikings.
Aprenda sobre os vikings, lendo uma das obras da Livraria Especializada Livros Vikings, clicando aqui.
Histórias tradicionais registram que Harald lutou ao lado de seu meio-irmão na Batalha de Stiklestad em 1030, onde Olaf foi derrotado e morto pelas forças de uma aliança entre os rebeldes noruegueses e os dinamarqueses; Harald exilou-se depois disso, primeiro para a Rússia e depois para o Império Bizantino , onde se tornou um líder militar proeminente.
Ele retornou à Noruega em 1045 e tornou-se rei junto com o seu sobrinho, Magnus I Olafsson; mais tarde, tornou-se o único rei, quando Magnus morreu na batalha contra a Dinamarca em 1047.
Harald então passou muitos anos tentando obter o trono dinamarquês e, em 1066, tentou conquistar a Inglaterra aliando-se às forças rebeldes de Tostig Godwinson, que tentava tomar o reino de seu irmão, o rei Harold Godwinson.
Mas tanto Harald quanto Tostig foram mortos pelas forças de Harold Godwinson na Batalha de Stamford Bridge, no norte da Inglaterra, em 1066; após os vencedores e seus exércitos tiveram que cruzar o país em apenas algumas semanas antes da Batalha de Hastings contra Guilherme da Normandia — lá Harold Godwinson perdeu, bem como o reino da Inglaterra.
Viagens medievais
O penning encontrado em Várdomb pode ter sido perdido mais de 100 anos depois de ter sido cunhado, mas é mais provável que tenha ficado em circulação entre 10 e 20 anos, disseram Varga e Németh.
Essa datação dá origem a uma possível conexão com um rei húngaro medieval chamado Salomão, que governou de 1063 a 1087.
De acordo com um manuscrito medieval húngaro iluminado conhecido como "Képes Krónika" (ou "Chronicon Pictum" em latim), Salomão e sua comitiva (um grupo de conselheiros e pessoas importantes) acamparam em 1074 "sobre o lugar chamado Kesztölc" — e assim os arqueólogos pensam que um dos cortesãos de Salomão naquela época pode ter carregado, e depois perdido, a moeda exótica.
"A corte do rei poderia ter incluído pessoas de todo o mundo, fossem líderes diplomáticos ou militares, que poderiam ter essas moedas", disseram Varga e Németh em comunicado.
Outra possibilidade é que a moeda de prata tenha sido trazida para Kesztölc medieval por um viajante comum: a cidade comercial "foi atravessada por uma grande estrada de tráfego internacional, cujo antecessora era uma estrada construída na época romana ao longo do Danúbio", disseram os pesquisadores na declaração.
"Esta estrada era usada não apenas por reis, mas também por mercadores, peregrinos e soldados, qualquer um dos quais poderia ter perdido a rara moeda de prata", escreveram.
Mais pesquisas podem esclarecer as origens da moeda e sua conexão com o sítio, embora nenhuma escavação esteja planejada, disse Varga, pesquisas de campo e mais detecção de metais serão realizadas no local no futuro.
FONTE: Live Science
METCALFE, Tom. Silver coin featuring famous Viking king unearthed in Hungary. Live Science. Nova Iorque, 12 de jun. de 2022. Disponível em: <https://www.livescience.com/viking-king-coin-discovered-hungary>. Acesso em: 14 de jun. de 2022. (Livremente traduzido pela Livros Vikings)
Seja uma das primeiras pessoas a receber as novidades do Mundo Viking, assinando a nossa Newsletter ou adicionando-nos em seu WhatsApp... Siga-nos nas Redes Sociais.
Comentarios