Novas evidências sugerem que os vikings da Groenlândia interagiram com povos originários da América do Norte, trocando marfim em regiões árticas remotas
As sagas nórdicas e os achados arqueológicos revelaram, ao longo dos anos, fragmentos de uma relação entre os vikings e os povos originários da América do Norte.
Agora, novos estudos apontam que essas interações podem ter sido mais complexas do que se pensava, envolvendo o comércio de recursos valiosos, como o marfim de morsa.
A descoberta de DNA antigo em artefatos, somada à análise de novas rotas de exploração, ajuda a desvendar esse enigma histórico.
Os vikings na Groenlândia: expansão e sustentabilidade
Por volta de 985 d.C., os vikings estabeleceram assentamentos permanentes no sudoeste da Groenlândia, como parte de sua expansão pelo Atlântico Norte.
Esses assentamentos prosperaram, em parte, devido ao comércio de marfim de morsa, um recurso valioso na Europa medieval.
As colônias nórdicas na Groenlândia, ao contrário de outros assentamentos vikings, mantinham um comércio regular com o continente europeu, especialmente entre os Séculos XI e XIII.
Entretanto, a obtenção do marfim exigia expedições longas e perigosas, frequentemente levando os nórdicos a áreas inexploradas do Ártico, conhecidas como Norðrsetur, localizadas ao norte do assentamento ocidental da Groenlândia.
A caça às morsas tornou-se uma atividade crucial, fornecendo não apenas marfim, mas também peles e gordura para combustível.
Encontro com os Povos Originários no Ártico
Durante essas expedições, evidências genéticas e arqueológicas sugerem que os vikings entraram em contato com duas culturas nativas: os Thule Inuit e os Tuniit (ou Dorset), que habitavam o Ártico canadense e a Groenlândia.
Esses grupos nativos eram caçadores especializados em morsas e baleias, o que os tornava parceiros potenciais em um comércio de marfim.
Estudos recentes, como o publicado por Ruiz-Puerta et al. (2024), apontam para a possibilidade de trocas comerciais entre os vikings e os Thule Inuit, especialmente no norte da Groenlândia e no arquipélago canadense.
Essas interações podem ter ocorrido à medida que os estoques de marfim locais se esgotavam e os nórdicos eram forçados a buscar regiões mais distantes.
O comércio de marfim no Polo Norte
A análise de DNA em artefatos de marfim encontrados em antigos assentamentos vikings na Groenlândia e na Europa mostra que uma parte significativa do marfim comercializado vinha de regiões como a Polínia das Águas do Norte (Pikialasorsuaq), uma área rica em morsas, localizada entre o noroeste da Groenlândia e o nordeste do Canadá.
Isso sugere que os nórdicos, ou através de expedições próprias ou via comércio com povos originários, obtiveram esse marfim em terras distantes.
A pesquisa liderada por Ruiz-Puerta e colaboradores usou métodos genômicos de alta resolução para rastrear os artefatos de marfim até os locais de caça no Ártico.
Esses achados desafiam a ideia de que todo o marfim comercializado pelos vikings era obtido exclusivamente por suas próprias expedições, indicando que o comércio com povos originários pode ter sido uma prática comum.
Os desafios das expedições viking no Ártico
As expedições vikings para o norte da Groenlândia e além eram perigosas. Condições climáticas extremas, invernos rigorosos e a falta de tecnologias nativas, como arpões toggling usados pelos Inuit, tornavam a caça no mar uma tarefa árdua.
No entanto, os vikings desenvolveram estratégias sofisticadas para se adaptar a essas condições, utilizando suas embarcações robustas para navegar nas águas árticas e caçar morsas em áreas de descanso.
A dependência crescente do marfim extraído dessas áreas mais remotas reflete uma mudança estratégica na economia nórdica da Groenlândia, que passou a priorizar o comércio de marfim em detrimento da agricultura e outras atividades locais.
Versão em português (IA) do vídeo "Early encounters took place between European Norse and Indigenous North American peoples" da Universidade de Lund
As novas descobertas sugerem que o contato entre os vikings e os povos originários da América do Norte não se limitou a confrontos esporádicos, mas incluiu trocas comerciais valiosas, especialmente de marfim de morsa.
Essa interação complexa abre novas portas para o entendimento das relações interculturais no Ártico medieval e o papel dos vikings na exploração e comércio de recursos naturais em uma das regiões mais inóspitas do planeta.
Este artigo foi parcialmente criado por Inteligência Artificial (IA). Para mais notícias sobre achados arqueológicos e história, continue acompanhando a Livros Vikings. Somos um site dedicado a trazer informações históricas e curiosidades sobre a Era Viking. Se você gostou deste artigo, compartilhe-o em suas redes sociais!
Referências
RUIZ-PUERTA, E. J., JARRETT, G., MCCARTHY, M. L., et al. Greenland Norse walrus exploitation deep into the Arctic. Science Advances, v.10, n.27, 2024.
LABRUJULA VERDE. Vikings and North American Indians met and traded ivory in remote parts of Greenland. Disponível em: https://www.labrujulaverde.com/en/2024/09/vikings-and-north-american-indians-met-and-traded-ivory-in-remote-parts-of-greenland/. Acesso em: 30 set. 2024.
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Novamente parabenizo os arqueólogos que vem descobrindo cada vez mais muitos fatos da antiga civilização Viking. Estes informativos são todos maravilhosos. (eugenio.accs.ecj@gmail.com) Em 01 out 2024 / 3a. feira