Sweyn I, também conhecido como Sweyn Tiugeskaeg (que significa 'Barbas'), foi um chefe viking que se tornou o governante da Dinamarca, Noruega e da Inglaterra. Seu nome, 'Forkbeard', é uma referência à sua longa barba em V. Embora Sweyn tenha governado a Dinamarca e a Noruega por décadas, ele só ganhou o controle da Inglaterra no final de sua vida, governando-a por pouco mais de um mês. De fato, embora ele tenha sido declarado o rei da Inglaterra, Sweyn Forkbeard nem viveu o suficiente para a coroação.
Logo após a sua morte, o império de Sweyn se desintegrou. Enquanto ele foi sucedido por um de seus filhos na Dinamarca, a Noruega e a Inglaterra retornaram aos governantes nativos. Os domínios de Sweyn, no entanto, seriam reunidos por outro de seus filhos, Cnut, o Grande. O império de Sweyn Forkbeard e de seu filho são frequentemente conhecidos pelos historiadores contemporâneos como o Império do Mar do Norte ou o Império Anglo-Escandinavo.
Acredita-se que Sweyn I tenha nascido por volta de 960 d.C. Seu pai era Harald I, também conhecido como Harald Bluetooth, já a identidade de sua mãe é desconhecida. Harald era membro da Casa de Gorm, uma dinastia dinamarquesa que foi criada por seu pai, Gorm, o Velho. Esta nova casa real era baseada em Jelling, na Jutlândia do Norte. Sob o governo de Harald, a Dinamarca foi unificada pela primeira vez. Embora Harald tenha o crédito pela unificação do país, o projeto começou realmente com o seu antecessor. Além disso, Harald também conquistou a Noruega e se converteu ao cristianismo. Como resultado deste último, o cristianismo começou a se espalhar por toda a Dinamarca e Noruega.
Sweyn Forkbeard revoltou-se contra o seu pai, Harald Bluetooth
Pouco se sabe sobre a infância e os primeiros anos de Sweyn. Sua primeira aparição em registro histórico é bastante brutal. Segundo escritores medievais, Sweyn se revoltou contra o seu pai nos últimos anos da vida de Harald. Isso ocorreu por volta de 987 d.C. O cronista alemão, Adam de Bremen, alegou que a revolta de Sweyn foi uma reação pagã à crescente cristianização da Dinamarca. A alegação do cronista, no entanto, é um tanto duvidosa, pois não há indicação de que Sweyn fosse pagão. Além disso, Adam pode ter guardado rancor contra o rei dinamarquês, pois ele não era simpático à igreja de Hamburgo-Bremen.
A história da revolta de Sweyn também é contada em Heimskringla, de Snorri Sturluson (traduzido como "A Crônica dos Reis da Noruega"). Nesta versão da história, diz-se que Sweyn pediu ao pai uma parte da Dinamarca. Harald, que não tinha intenção de dividir seu reino, naturalmente negou o pedido ao seu filho. Portanto, Sweyn reuniu seus homens e relatou ao pai que iria realizar um ataque. Na verdade, ele estava se preparando para se revoltar. Quando os preparativos terminaram, Sweyn atacou o pai. Harald venceu a batalha, pois possuía um exército maior, mas foi ferido mortalmente e morreu pouco depois.
Em algumas versões da história, Harald foi derrotado, fugindo para os Wends, onde morreu por conta de seus ferimentos. Quanto a Sweyn, ele fugiu do campo de batalha, mas após a morte de seu pai, ele foi proclamado rei. O novo rei, no entanto, havia sido capturado por Sigvaldi, o chefe dos Jomsvikings. Sigvaldi forçou Sweyn a fazer as pazes com os Wends, antes de devolvê-lo à Dinamarca.
Em Heimskringla, registra-se que Sweyn se casou com Gunhild, a filha de Burizleif, o Rei Wendish. O Heimskringla afirma que os filhos do casal eram Harald e Cnut. Embora Burizleif seja uma figura lendária, especula-se que seja baseado em uma pessoa real. Sweyn mais tarde se casou com Sigrid, a Altiva, viúva do rei sueco, Eric, o Vitorioso. Em algumas fontes, diz-se que Sweyn se casou com Sigrid após a morte de Gunhild. Em outras, diz-se que Sweyn repudiou Gunhild e se casou com Sigrid. Como resultado, Gunhild voltou a Wendland e só retornou à Dinamarca após a morte de Sweyn.
Os piratas vikings voltaram as suas atenções à Grã-Bretanha
Pouco depois de subir ao trono da Dinamarca, Sweyn estava de olho na Inglaterra. Já no final do Século VIII d.C., a Grã-Bretanha era o alvo favorito dos invasores vikings, pois os mosteiros, em grande parte indefesos, eram uma escolha fácil para eles. No século seguinte, os vikings começaram a estabelecer assentamentos na ilha, em vez de simplesmente invadir e roubar os seus habitantes. No final do Século IX d.C., grande parte da Inglaterra havia sido conquistada pelos vikings. Esta área ficou conhecida como Danelaw, e o domínio Viking durou até meados do Século X.
Em 954 d.C., Eric Bloodaxe, o último governante viking da Nortúmbria, foi expulso, marcando o fim da Danelaw. Nas décadas que se seguiram, a Inglaterra foi governada por reis nativos. Em 978 d.C., Aethelred II, cujo apelido era 'the Unready', que significa 'o, Desaconselhado' no inglês antigo, tornou-se o novo rei da Inglaterra. Isso foi cerca de uma década antes de Sweyn chegar ao poder.
Danegeld e a extorsão à Grã-Bretanha por Sweyn Forkbeard
Durante os anos 90, Aethelred ainda estava no trono inglês. De fato, ele continuou a governar até 1016. Esse também foi o começo da "Segunda Era Viking". Ao contrário dos vikings dos Séculos IX e X, Sweyn não estava inicialmente interessado em conquistar a Inglaterra. Em vez disso, ele preferiu realizar ataques à ilha.
Ao contrário dos vikings do Século VIII, os ataques de Sweyn foram realizados em escala muito maior. Estes eram normalmente organizados a líderes reais, e o objetivo era a extorsão. Os invasores de Sweyn não tinham como alvo monastérios isolados, mas o próprio estado inglês. Os ataques vikings foram tão devastadores que os ingleses concordaram em prestar homenagem aos vikings. Esse tributo, conhecido como Danegeld, era essencialmente dinheiro de proteção, e os vikings lucravam muito com ele. Em 991 d.C., por exemplo, os atacantes receberam 4.500 kg (9.921 libras) de prata em troca de deixarem a Inglaterra em paz.
Sweyn Forkbeard e a invasão viking a Londres
Essa estratégia não foi totalmente bem-sucedida e, particularmente no norte da Inglaterra, os ataques vikings continuavam, ainda que os ataques fossem muito menores. Segundo as Crônicas Anglo-Saxônicas, em 994 d.C., o próprio Sweyn liderou um ataque fracassado à Inglaterra, tendo Londres como o seu objetivo final. O relato do ataque de Sweyn a Londres é o seguinte:
“Este ano chegaram Anlaf (Olaf Trygvasson, rei da Noruega) e Sweyne a Londres, na Natividade de Santa Maria, com quatrocentos e noventa navios. Cercaram as proximidades da cidade, cujas chamas queimavam; mas eles sofreram de um mal, que jamais imaginaram. A Santa Mãe de Deus naquele dia, em sua misericórdia, salvou os cidadãos, os livrando de seus inimigos”.
Embora os vikings não tivessem tomado Londres, eles não voltaram imediatamente para casa. Em vez disso, eles continuaram aterrorizando o resto da Inglaterra:
“Daí eles avançaram e fizeram o maior mal que qualquer exército poderia causar, queimaram, saquearam e mataram, não apenas na costa de Essex, mas também em Kent, Sussex e Hampshire. Em seguida, eles montaram seus cavalos, andando o mais longe que puderam e cometeram um mal indizível.
Por uma razão ou outra, Aethelred não recorreu à força militar para se livrar dos invasores vikings. Em vez disso, ele optou por pagá-los, como fizera no passado:
“Então o rei e seu conselho resolveram enviar e oferecerem-lhes tributos e provisões, com a condição de que desistissem da pilhagem. Termos que eles aceitaram; e todo o exército chegou a Southampton e lá se fixou durante o inverno; onde foi alimentado por todos os súditos do reino saxão ocidental”.
Em troca, Olaf se converteu ao cristianismo e prometeu nunca mais agir de maneira hostil contra a Inglaterra. Segundo as Crônicas Anglo-Saxônicas, Olaf cumpriu sua promessa. Pode-se notar que na entrada das Crônicas Anglo-Saxônicas para o ano de 994 d.C., Olaf foi retratado como o personagem principal, enquanto Sweyn desempenhava um papel secundário. Embora se diga que Olaf prometeu nunca mais atacar a Inglaterra, parece que Sweyn não fez tal promessa. Segundo algumas fontes, enquanto Sweyn estava invadindo a Inglaterra, Erik, o Vitorioso, aproveitou a oportunidade para ocupar a Dinamarca. No entanto, o rei sueco morreu logo depois e Sweyn conseguiu recuperar o seu trono.
Massacre do Dia de São Brice e a Retaliação de Sweyn
Sob Sweyn Forkbeard, os vikings continuaram a invadir a Inglaterra nos anos seguintes, e ele próprio lançou um ataque à ilha em 1003. O rei dinamarquês decidiu liderar o ataque pessoalmente como resultado de um incidente ocorrido no ano anterior. Na primavera daquele ano, Aethelred casou-se com Emma, irmã de Richard II, duque da Normandia. Isso pretendia selar a aliança entre a Inglaterra e a Normandia e poderia ter encorajado Aethelred a tomar uma posição mais dura contra os vikings.
Segundo as Crônicas Anglo-Saxônicas, em 1002, Aethelred recebeu notícias de que os dinamarqueses na Inglaterra estavam planejando assassiná-lo e dominar o seu reino. Ele, portanto, os isolou preventivamente e depois os massacrou no dia de São Brice (13 de novembro). Embora seja certo que alguns dinamarqueses foram mortos, a escala do massacre do dia de St. Brice não é clara.
Em alguns relatos, especula-se que um dos dinamarqueses que foram mortos durante o massacre foi Gunhild, a irmã de Sweyn. Se isso fosse verdade, teria intensificado o antagonismo de Sweyn em relação aos ingleses. Como alternativa, o massacre dos dinamarqueses em si pode ter aumentado a hostilidade de Sweyn. De qualquer forma, Sweyn invadiu a Inglaterra em 1003:
“Quando Sweyne viu que eles não estavam prontos e que todos se retiravam, ele levou então seu exército a Wilton; saqueando e queimando a cidade, Dali segui para Sarum; e na sequência voltou aos mares”.
Sweyn e a conquista da Noruega e da Inglaterra
Enquanto seus vikings estavam invadindo a Inglaterra, Sweyn conquistou a Noruega, que era governada pelo antigo parceiro de ataque de Sweyn, Olaf Trygvasson. Sweyn formou uma aliança com os suecos e os Earls de Lade, atacando Olaf. Na batalha de Svolder, em 1000, os noruegueses foram derrotados e Sweyn se tornou o novo governante da Noruega. A Inglaterra também ficaria sob o domínio dinamarquês, embora muitos anos após a conquista da Noruega por Sweyn.
Em 1013, Sweyn liderou outro ataque à Inglaterra. Parece que o rei dinamarquês não liderava pessoalmente um ataque à ilha desde 1004. Esse ataque era diferente dos que ele havia conduzido anteriormente e logo se tornou uma conquista. De acordo com as Crônicas Anglo-Saxônicas:
“Antes do mês de agosto, veio o Rei Sweyne com sua frota para Sandwich; e rapidamente caminhou por Anglia Oriental até a foz de Humber e subiu ao longo de Trento, até chegar a Gainsborough. Então, logo, fez Earl Utred curvar-se a ele, assim como todos os nortistas, todo o povo de Lindsey, depois o povo dos Cinco Municípios e na sequência todo o exército ao norte da rua Watling.
Para garantir a lealdade dos nobres ingleses que haviam se submetido a ele, os reféns foram tomados pelos dinamarqueses. Esses reféns foram deixados com o filho de Sweyn, Cnut, em Gainsborough, a nova base dos Vikings. O rei dinamarquês virou-se para o sul, continuando sua conquista. Quando Sweyn chegou a Londres, descobriu que a população não se submeteria e, por isso, decidiu continuar em Bath, onde recebeu a submissão dos ocidentais antes de retornar a Gainsborough. A essa altura, Londres também se rendia. Aethelred foi forçado ao exílio e encontrou refúgio na corte de seu cunhado na Normandia. O rei exilado permaneceu por lá até a morte de Sweyn, que, de fato, não demorou muito para acontecer.
Morte súbita de Sweyn Forkbeard e a desintegração de seu império
No final de 1013, Sweyn estava no auge de seu poder e era o governante da Dinamarca, Noruega e da Inglaterra. Dito isto, em fevereiro do ano seguinte ele estava morto. A abertura das Crônicas Anglo-Saxônicas para o ano de 1014 declara: "Neste ano o rei Sweyne terminou seus dias em Candlemas, o terceiro dia antes de fevereiro de fevereiro" (o que significava o segundo de fevereiro). Curiosamente, o Heimskringla fornece mais detalhes sobre a morte de Sweyn: “aconteceu que o rei Svein morreu repentinamente durante a noite em sua cama; e é dito pelos ingleses que Edmund, o Santo, o matou, da mesma maneira que o Santo Mercúrio matou o apóstata Juliano.
Como resultado da morte súbita de Sweyn, o império que ele criou se desintegrou quase imediatamente. Na Inglaterra, Aethelred retornou do exílio e governou até a sua morte em 1016. Da mesma forma, o trono da Noruega foi devolvido a um governante nativo. No entanto, o filho de Sweyn, Cnut, mais tarde ressuscitaria o império de seu pai. Cnut governou a Inglaterra por muito mais tempo que seu pai, dando-lhe mais tempo para impressionar os ingleses, o que ele fez. Suas boas ações foram registradas por escritores ingleses da época e, como consequência, ele é hoje conhecido como 'Cnut the Great (Cnut, o Grande)'. Sweyn, por outro lado, só governou a Inglaterra por cerca de cinco semanas e não teve tempo para provar que seria um governante capaz. Por isso, ele ficou preso à alcunha (ainda bastante impressionante) 'Forkbeard'.
FONTE: Ancient Origins
MINGREN, Wu. The Life and Death of Sweyn Forkbeard and His Viking Empire. Ancient Origins. Dublim, 08 de jun. de 2020. Disponível em: <https://www.ancient-origins.net/history-famous-people/sweyn-forkbeard-0013827>. Acesso em: 08 de jun. de 2020 (Livremente traduzido pela Livros Vikings).
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